sexta-feira, outubro 13, 2006

Bibliotecários em luta

Entre 80 a 100 mil trabalhadores zangados, muito zangados, concentraram-se ontem em Lisboa, para exigir diferentes políticas económicas e sociais. A malta da função pública preocupada com o clima de despedimentos, cortes salariais, aumento das horas de trabalho, idade da reforma e constante quebra de direitos concentrou-se no Terreiro do Paço e partiu em marcha em direcção ao Rossio. Estava muita gente. Mesmo muita gente. Na verdade no momento em que o Carvalho da Silva discursava em frente à Assembleia da República, ainda os trabalhadores da Câmara Municipal de Lisboa se encontravam empancados no Terreiro do Paço e atrás ainda vinham os enfermeiros. Registe-se que no meio da multidão foram avistados diversos bibliotecários, técnicos de bibliotecas e outros OVNIS.
Quanto à concentração e se me permitem, julgo que alguns slogans têm de ser revistos. Estão em franco desuso: e.g. «Direitos conquistados, não são para ser roubados». Por exemplo se a esperança de vida aumentou é justo que a idade da reforma aumente um pouco, a menos que estejamos empenhados em morrer mais cedo.
Por outro lado o discurso de alguns dirigentes sindicais é, também, digno de nota. Recordo-me a propósito dos seguintes exemplos mais edificantes:

- «CAMARADAS!... SE NOS CORTAM MAIS NOS SALÁRIOS E NOS DIREITOS / AUMENTA A POBREZA E AUMENTA A PROSTITUIÇÃO!...»
A prostuição???... Ora aí está um simpático trabalhinho extra (para ajudar a pagar as despesas) que ainda não me tinha ocorrido, confesso.
- «CAMARADAS!!!... A E.D.P. QUER AUMENTAR AS TARIFAS EM 15%. É UM ESCÂNDALO!... QUALQUER DIA NÃO PODEMOS SEQUER PASSAR A FERRO?...»
Slogan réplica da Rita: «Eu quero!... Eu quero!... Poder passar a ferro!...».

Livros recomendados:
ZOLA, Émile, 1840-1902
Germinal / Émile Zola. – Lisboa : Mediasat, 2004. – 383 p.
TARDI, Jacques, 1946-
Le cri du peuple / Jacques Tardi [dessins] ; Jean Vautrin [scenario]. – Bruxelles : Casterman, 2004. – 4 v. : il., banda desenhada.
P.s.: Nota positiva para a Polícia de Segurança Pública. Há quarenta anos carregava com a cavalaria, com os bastões e as baionetas nos manifestantes. Hoje, simpaticamente, carrega nos automobilistas e motociclistas. Uma evolução pela positiva.