O bibliotecário de Musil
Ilustração de Pepedelrey
Robert Musil – Caro anarquista. A ciência bibliotecária é uma ciência por si só, sabia?
Bibliotecário Anarquista – Sim é verdade. Ainda não chegaram a um acordo sobre a designação, mas pode tratá-la por «Bibliotecas e Ciências da Informação».
Robert Musil – E quantos sistemas pensa que existem, caro Anarquista, para guardar e conservar os livros?
Bibliotecário Anarquista – Para guardar, não sei. Depende de biblioteca para biblioteca. Mas em Portugal são muito populares os sistemas baseados na Classificação Decimal Universal e na Lista de Cabeçalhos por Assunto. Quanto à preservação e conservação, isso não me interessa. Sou um bibliotecário público e estou mais preocupado com a quantidade de documentos emprestados. Chamamos a isso PROMOÇÃO DA LEITURA, e deixamos a preservação e conservação para os nossos colegas da Biblioteca Nacional. Mais a mais se os livros estiverem muito conservados é porque não foram lidos, logo falhei, e cubro-me de desonra. A propósito! Sabia, caro Musil, que nas bibliotecas públicas o conforto das pessoas e o marketing de novidades é muito mais importante que a preservação e a conservação? Sabia que esta se deve limitar ao fundo local? Aos documentos que preservem a memória da cidade, sabia?
Robert Musil – Não bibliotecário anarquista. Não sabia e não entendo nada do que diz. Acho que o senhor é manifestamente excessivo.
Bibliotecário Anarquista – E eu acho que o senhor Musil não entende nada de leitura pública. Parece que vem do século XIX.
Robert Musil – E venho! Nasci em Novembro de 1880 em Klagenfurt.
Bibliotecário Anarquista – Então a Biblioteca de Klagenfurt é uma choldra e não me admira que o chanceler do bigodinho tenha nascido no seu país. E mais informo que a Biblioteca de Harford, no Connecticut, já tem a Hora do Conto desde 1882.
Robert Musil – Du Arschloch!
Biblioecário Anarquista – O quê?
Variações palermas em torno de «Der Mann ohne Eigenschaften» [isto é só para armar, pois não sei uma palavra de alemão e nunca li Musil].
Bibliotecário Anarquista – Sim é verdade. Ainda não chegaram a um acordo sobre a designação, mas pode tratá-la por «Bibliotecas e Ciências da Informação».
Robert Musil – E quantos sistemas pensa que existem, caro Anarquista, para guardar e conservar os livros?
Bibliotecário Anarquista – Para guardar, não sei. Depende de biblioteca para biblioteca. Mas em Portugal são muito populares os sistemas baseados na Classificação Decimal Universal e na Lista de Cabeçalhos por Assunto. Quanto à preservação e conservação, isso não me interessa. Sou um bibliotecário público e estou mais preocupado com a quantidade de documentos emprestados. Chamamos a isso PROMOÇÃO DA LEITURA, e deixamos a preservação e conservação para os nossos colegas da Biblioteca Nacional. Mais a mais se os livros estiverem muito conservados é porque não foram lidos, logo falhei, e cubro-me de desonra. A propósito! Sabia, caro Musil, que nas bibliotecas públicas o conforto das pessoas e o marketing de novidades é muito mais importante que a preservação e a conservação? Sabia que esta se deve limitar ao fundo local? Aos documentos que preservem a memória da cidade, sabia?
Robert Musil – Não bibliotecário anarquista. Não sabia e não entendo nada do que diz. Acho que o senhor é manifestamente excessivo.
Bibliotecário Anarquista – E eu acho que o senhor Musil não entende nada de leitura pública. Parece que vem do século XIX.
Robert Musil – E venho! Nasci em Novembro de 1880 em Klagenfurt.
Bibliotecário Anarquista – Então a Biblioteca de Klagenfurt é uma choldra e não me admira que o chanceler do bigodinho tenha nascido no seu país. E mais informo que a Biblioteca de Harford, no Connecticut, já tem a Hora do Conto desde 1882.
Robert Musil – Du Arschloch!
Biblioecário Anarquista – O quê?
Variações palermas em torno de «Der Mann ohne Eigenschaften» [isto é só para armar, pois não sei uma palavra de alemão e nunca li Musil].
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