Para acabar de vez com a cultura, as bibliotecas e o futebol
Imagem: Salt Lake City (1) Public Library
Um inquérito realizado pelo CRÉDOC (Centre de Recherche pour l'Étude et l'Observation des Conditions de Vie), para o Ministério da Cultura e Comunicação francês, mostra o sólido desenvolvimento das suas bibliotecas públicas. “Em França, as Bibliotecas Públicas conseguiram um grande desenvolvimento a partir da década de 70”. O inquérito do CRÉDOC realizado no Outono de 2005 para o Ministério da Cultura e Comunicação mostra que 84% dos municípios inquiridos têm oferta de leitura pública. De 1989 a 2005, a parte da população que acorre às Bibliotecas Públicas passou de 23% para 43%, enquanto que no mesmo período a frequência de salas de cinema e de museus permaneceu estável (50% y 33% respectivamente). No seio das Bibliotecas Públicas são as Bibliotecas Municipais aquelas que ocupam o primeiro lugar: 72% dos franceses com mais de 15 anos já tiveram a ocasião de frequentar uma. Apesar do desenvolvimento da Internet, o livro conserva um lugar de primeira linha e o número de leitores não diminuiu. Paralelamente, a multiplicação das mediatecas proporcionou o acesso a colecções mais diversificadas que favorecem novos usos e atraem um público mais amplo. A mediateca municipal tem hoje uma imagem de lugar cultural familiar, em proximidade imediata ao lugar de residência. Se o esforço de modernização das bibliotecas municipais prosseguir a este ritmo, a frequência regular poderá chegar aos 50% dos franceses em 2010, o que permitirá à França superar o seu atraso em relação aos países mais avançados, como a Grã Bretanha e os países escandinavos.
www.credoc.fr/pdf/4p/193.pdf
Este foi o texto enviado em espanhol pela Isabel Sousa.
Quanto às Bibliotecas Portuguesas mesmo velhinhas e com poucos meios, poucos investimentos conseguem ombrear com a afluência aos estádios de futebol dos três maiores clubes (superando largamente a afluência aos estádios dos restantes, dos mais pequenos), sinto apenas que os poderes públicos responsáveis pelas bibliotecas (ministros, secretários e estado e autarcas portugueses) preferem investir enormes quantidades de dinheiro em infra estruturas para acontecimentos efémeros (Capitais da Cultura, Expo 98, Europeu de Futebol, Rock in Rio) do que em infra-estrutura consolidadas, com público garantido, com missão, objectivos e estratégia bem definidas como as bibliotecas. O pior é que nem sequer fizeram um estudo sobre as vantagens eleitorais desses acontecimentos efémeros versus infra-estruturas consolidadas.
(1) Salt Lake City é uma cidade dos EUA (a cidade dos mormons) com uma população de 181.743 habitantes. Será que a sua biblioteca (na foto) foi mais cara que o Estádio do Algarve (33.993.082€)? E ainda dizem que os americanos são burros e os portugueses espertos.
Um abraço,
Um inquérito realizado pelo CRÉDOC (Centre de Recherche pour l'Étude et l'Observation des Conditions de Vie), para o Ministério da Cultura e Comunicação francês, mostra o sólido desenvolvimento das suas bibliotecas públicas. “Em França, as Bibliotecas Públicas conseguiram um grande desenvolvimento a partir da década de 70”. O inquérito do CRÉDOC realizado no Outono de 2005 para o Ministério da Cultura e Comunicação mostra que 84% dos municípios inquiridos têm oferta de leitura pública. De 1989 a 2005, a parte da população que acorre às Bibliotecas Públicas passou de 23% para 43%, enquanto que no mesmo período a frequência de salas de cinema e de museus permaneceu estável (50% y 33% respectivamente). No seio das Bibliotecas Públicas são as Bibliotecas Municipais aquelas que ocupam o primeiro lugar: 72% dos franceses com mais de 15 anos já tiveram a ocasião de frequentar uma. Apesar do desenvolvimento da Internet, o livro conserva um lugar de primeira linha e o número de leitores não diminuiu. Paralelamente, a multiplicação das mediatecas proporcionou o acesso a colecções mais diversificadas que favorecem novos usos e atraem um público mais amplo. A mediateca municipal tem hoje uma imagem de lugar cultural familiar, em proximidade imediata ao lugar de residência. Se o esforço de modernização das bibliotecas municipais prosseguir a este ritmo, a frequência regular poderá chegar aos 50% dos franceses em 2010, o que permitirá à França superar o seu atraso em relação aos países mais avançados, como a Grã Bretanha e os países escandinavos.
www.credoc.fr/pdf/4p/193.pdf
Este foi o texto enviado em espanhol pela Isabel Sousa.
Quanto às Bibliotecas Portuguesas mesmo velhinhas e com poucos meios, poucos investimentos conseguem ombrear com a afluência aos estádios de futebol dos três maiores clubes (superando largamente a afluência aos estádios dos restantes, dos mais pequenos), sinto apenas que os poderes públicos responsáveis pelas bibliotecas (ministros, secretários e estado e autarcas portugueses) preferem investir enormes quantidades de dinheiro em infra estruturas para acontecimentos efémeros (Capitais da Cultura, Expo 98, Europeu de Futebol, Rock in Rio) do que em infra-estrutura consolidadas, com público garantido, com missão, objectivos e estratégia bem definidas como as bibliotecas. O pior é que nem sequer fizeram um estudo sobre as vantagens eleitorais desses acontecimentos efémeros versus infra-estruturas consolidadas.
(1) Salt Lake City é uma cidade dos EUA (a cidade dos mormons) com uma população de 181.743 habitantes. Será que a sua biblioteca (na foto) foi mais cara que o Estádio do Algarve (33.993.082€)? E ainda dizem que os americanos são burros e os portugueses espertos.
Um abraço,
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