A quinta feira laica
No fim-de-semana o bibliotecário anarquista foi requisitado para trabalhar na V feira laica em regime de voluntariado. Lá me apresentei, com a habitual farda de betinho retardado (para contrastar), e afundei-me no confortável sofá a ler fanzines, banda desenhada, ouvir música “anti-elevador” (dada a minha condição de beto apenas consegui identificar os w i l c o, flamming lips, talking heads e o fantástico Peter Sellers a cantar «she loves you, yeah, yeah, yeah» com sotaque alemão) e falar com o pessoal, sobretudo compradores.
A Feira Laica é, na minha insignificante opinião, uma espécie de centro cultural, artístico & comercial alternativo. Digo comercial porque a venda dos trabalhos (música, livros, fanzines, artesantato, comes e bebes vegetarianos e desenhos originais) era um dos objectivos. E digo comercial alternativo porque felizmente fazia lembrar mais os mercados de Camden Town e Portobello Road (Londres) – em pequeníssima escala (quase claustrofóbica, eu diria) – do que os novos templos do império consumista, vulgo Shopping Centres, do engenheiro Belmiro.
A minha missão era vender livros em segunda mão e confesso que não correu mal, sobretudo no sábado. Alguns diálogos foram bastante idiotas e, por isso, dignos de registo:
I – Diálogo do bibliotecário vendedor com uma rapariga compradora
Rapariga – Mas vocês estão a vender livros, CDs e DVDs a este preço [um euro]?...Porquê, porquê?...
Bibliotecário – Bom! Não sei… Mas acho que as pessoas se querem desfazer das suas colecções. Se calhar ocupam muito espaço lá em casa…
R – Mas porquê?...
B – ehh… muito espaço, está a ver?… significa que tem custos… custos de armazenamento, acho eu…
R – Sim, mas um euro porquê?
B [e vendedor esclarecido] – erghh… não sei, mas deixa cá ver… este livro é do JF… quer que eu lhe pergunte?...
II – As fabulosas técnicas de marketing do Marcos Farrajota
Compradora – Vocês estão a vender este livro da Isabel Allende a um euro?
B – Sim.
C – Têm a certeza?...
Marcos Farrajota [editor de fanzines que entretanto se aproximou] – É claro! A Isabell Allende É UMA MERDA! Se pudéssemos vendíamos a um cêntimo.
B – [o bibliotecário monga impressionado com as técnicas de marketing inovadoras do Marcos, esboçou um sorriso amarelo para a compradora e disse] – eeehhh!…
C – Têm mais?... [replicou, por seu turno, a compradora com grande confiança]
A Feira Laica é, na minha insignificante opinião, uma espécie de centro cultural, artístico & comercial alternativo. Digo comercial porque a venda dos trabalhos (música, livros, fanzines, artesantato, comes e bebes vegetarianos e desenhos originais) era um dos objectivos. E digo comercial alternativo porque felizmente fazia lembrar mais os mercados de Camden Town e Portobello Road (Londres) – em pequeníssima escala (quase claustrofóbica, eu diria) – do que os novos templos do império consumista, vulgo Shopping Centres, do engenheiro Belmiro.
A minha missão era vender livros em segunda mão e confesso que não correu mal, sobretudo no sábado. Alguns diálogos foram bastante idiotas e, por isso, dignos de registo:
I – Diálogo do bibliotecário vendedor com uma rapariga compradora
Rapariga – Mas vocês estão a vender livros, CDs e DVDs a este preço [um euro]?...Porquê, porquê?...
Bibliotecário – Bom! Não sei… Mas acho que as pessoas se querem desfazer das suas colecções. Se calhar ocupam muito espaço lá em casa…
R – Mas porquê?...
B – ehh… muito espaço, está a ver?… significa que tem custos… custos de armazenamento, acho eu…
R – Sim, mas um euro porquê?
B [e vendedor esclarecido] – erghh… não sei, mas deixa cá ver… este livro é do JF… quer que eu lhe pergunte?...
II – As fabulosas técnicas de marketing do Marcos Farrajota
Compradora – Vocês estão a vender este livro da Isabel Allende a um euro?
B – Sim.
C – Têm a certeza?...
Marcos Farrajota [editor de fanzines que entretanto se aproximou] – É claro! A Isabell Allende É UMA MERDA! Se pudéssemos vendíamos a um cêntimo.
B – [o bibliotecário monga impressionado com as técnicas de marketing inovadoras do Marcos, esboçou um sorriso amarelo para a compradora e disse] – eeehhh!…
C – Têm mais?... [replicou, por seu turno, a compradora com grande confiança]
Foi assim a feira laica. Para o ano há mais.
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