terça-feira, julho 24, 2007

Serviço de aquisições: mangá intervencionista

A mangá (banda desenhada japonesa) é um meio de expressão que está muitas vezes associado a um ou vários géneros, como por exemplo “acção”, “ficção científica”, “fantástico”, “histórias com samurais”, “romântica” (feminina), “cute robots”, etc. O que a mangá não está certamente associada é à ficção (ou literatura gráfica) realista e com preocupações sociais.
A este respeito, há duas semanas o «Courrier Internacional» teve como tema principal a «crise social» no Japão. Diversos artigos debruçavam-se sobre o aumento da precariedade, a degradação das condições de trabalho dos mais desfavorecidos, o ressurgimento dos sindicatos e de novos tipos de sindicatos (que utilizam como hinos temas de bandas punk britânicas), o crescimento do número de jovens mal pagos que vivem de biscates – os freeters, a geração perdida, sem futuro («No future / The Clash»). Escreveu também sobre os cafés «mangá kissa» abertos 24h por dia onde se pode ler banda desenhada (têm milhares de mangás à disposição dos clientes), comer e dormir numa «gaveta» com acesso à Internet (e que ficam mais baratos do que o bilhete de comboio que levaria os jovens trabalhadores de regresso a casa). Dedicou ainda algumas linhas à mangá que aborda com frontalidade assuntos que podem incomodar o poder. A mangá testemunha da injustiça social. As suas referências foram então para Yoshihiro Tatsumi, autor que nos anos 50 realizou inúmeras mangás cujo tema central eram a pobreza e a miséria (foi neste sentido o pai da mangá para adultos).

Mais recentemente, temos autores como Shinichi Sugimura («Dias polis»), Usamaru Furuya («O círculo suicida») e Seiji Toda («Shiawase») que se inspiram sobretudo em assuntos como «as dificuldades dos jovens para orientar-se numa sociedade que perdeu todas as referências» ou nas difíceis condições de vida dos emigrantes.













Livros e autores novos a explorar…

Boas leituras.