História da mangá censurada numa biblioteca pública
Em 2004 foi publicado o livro «Manga : 60 years of japanese comics» da autoria de Paul Gravett, um especialista em banda desenhada notável que tive a honra de conhecer em Angoulême no longínquo ano de 2000. O livro foi posteriormente aclamado pela crítica. Há algumas semanas atrás Bill Postmus o First District Supervisor (não sei que espécie de cargo será este) da cidade de Victorville (EUA) resolveu retirar este livro das estantes da biblioteca pública local porque continha imagens com conteúdo sexual explícito… susceptíveis de traumatizar os leitores, especialmente as crianças.
Crítica:
Parece-me em primeiro lugar que esta censura é muito tímida. Muito limitada. O senhor Bill Postmus é notoriamente pouco audaz. Existem nas bibliotecas, como é sabido, muito mais coisas para censurar do que um simples livrinho sobre a história da mangá. A censura deste livro é manifestamente pouco, meu caro supervisor! Se passear com atenção pela biblioteca poderá facilmente encontrar mais livros para levar para casa… desculpe! Para censurar. Se permanecer nas estantes da banda desenhada, veja com atenção os seguintes autores: Milo Manara, Serpieri, Guido Crepax, Pichard, Wolinsky, Miguelanxo Prado, Loisiel, Max Cabanes, Horácio Altuna, etc. São uma autêntica trupe de tarados! Tem, pois, por aqui muita coisa para retirar da vista dos pobres leitores inconscientes. Contudo se subir as escadarias em direcção à secção de audiovisuais também tem muito material indigno de figurar nas nobres estantes da biblioteca, designadamente filmes como «O império dos sentidos», «A orquídea selvagem», «Nove semanas e meia», ou «O último tango em Paris». Mas, excelentíssimo supervisor, como o seu douto critério é infinitamente amplo e bastam seguramente alguns segundos de sexo para retirar legitimamente o documento da vista dos pobres e fracos utilizadores, tem certamente 60% por cento da videoteca à sua disposição. Antes de saír, não se esqueça de varrer a pente fino a secção de literatura onde pululam obras escritas por verdadeiros dementes psicóticos (e.g.: Camões, James Joyce, D.H. Lawrence, Anaïs Nym, Georges Bataille, Henry Miller e tantos outros) que ousaram descrever através da escrita a ímpia união libidinosa de corpos ou os desejos carnais mais impróprios. Por último não se esqueça de ter uma especial atenção na secção de referência, retirando das estantes todos os dicionários e enciclopédias que contenham entradas para a palavra sexo ou às suas múltiplas variantes e composições. Muito obrigado! Os contribuintes agradecem e os leitores (boas almas mas fracos de espírito) também, mas tem de ser mais incisivo.
P.s: Não se esqueça da estante das Ciências da Natureza. É que para além de teimarem com teorias evolucionistas das espécies, ainda têm o desplante de dedicar capítulos inteiros (senão mesmo obras completas) ao acasalamento. Coragem Bill! Acabe com esta pouca vergonha!
Crítica:
Parece-me em primeiro lugar que esta censura é muito tímida. Muito limitada. O senhor Bill Postmus é notoriamente pouco audaz. Existem nas bibliotecas, como é sabido, muito mais coisas para censurar do que um simples livrinho sobre a história da mangá. A censura deste livro é manifestamente pouco, meu caro supervisor! Se passear com atenção pela biblioteca poderá facilmente encontrar mais livros para levar para casa… desculpe! Para censurar. Se permanecer nas estantes da banda desenhada, veja com atenção os seguintes autores: Milo Manara, Serpieri, Guido Crepax, Pichard, Wolinsky, Miguelanxo Prado, Loisiel, Max Cabanes, Horácio Altuna, etc. São uma autêntica trupe de tarados! Tem, pois, por aqui muita coisa para retirar da vista dos pobres leitores inconscientes. Contudo se subir as escadarias em direcção à secção de audiovisuais também tem muito material indigno de figurar nas nobres estantes da biblioteca, designadamente filmes como «O império dos sentidos», «A orquídea selvagem», «Nove semanas e meia», ou «O último tango em Paris». Mas, excelentíssimo supervisor, como o seu douto critério é infinitamente amplo e bastam seguramente alguns segundos de sexo para retirar legitimamente o documento da vista dos pobres e fracos utilizadores, tem certamente 60% por cento da videoteca à sua disposição. Antes de saír, não se esqueça de varrer a pente fino a secção de literatura onde pululam obras escritas por verdadeiros dementes psicóticos (e.g.: Camões, James Joyce, D.H. Lawrence, Anaïs Nym, Georges Bataille, Henry Miller e tantos outros) que ousaram descrever através da escrita a ímpia união libidinosa de corpos ou os desejos carnais mais impróprios. Por último não se esqueça de ter uma especial atenção na secção de referência, retirando das estantes todos os dicionários e enciclopédias que contenham entradas para a palavra sexo ou às suas múltiplas variantes e composições. Muito obrigado! Os contribuintes agradecem e os leitores (boas almas mas fracos de espírito) também, mas tem de ser mais incisivo.
P.s: Não se esqueça da estante das Ciências da Natureza. É que para além de teimarem com teorias evolucionistas das espécies, ainda têm o desplante de dedicar capítulos inteiros (senão mesmo obras completas) ao acasalamento. Coragem Bill! Acabe com esta pouca vergonha!
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