quinta-feira, dezembro 28, 2006

O insondável enigma de Teodósio Letrinhas: um diligente bibliotecário de Lisboa


Ilustração de Gonçalo Pena

Desde o final da primavera que todos os meses, na última quinta-feira, o bibliotecário Teodósio Letrinhas, senta-se à mesa para jantar e comunica à família num tom grave: «Lamento, mas a partir do próximo mês não tenho outra opção senão trabalhar aos sábados. São ordes!...», diz Teodósio, seguro e assertivo. Contudo mês após mês este terrível vaticínio não se cumpre. Teodósio regressa a casa todas as sextas-feiras e não sai para o trabalho no sábado seguinte. Um folhetim que já vai para seis meses. Deolinda, a fiel esposa de Teodósio anda triste e desconfiada. Acha-se cada vez mais gorda e está convencida que o seu marido, uma pessoa por natureza cumpridora e zelosa tanto no trabalho como nas obrigações familiares, tem um caso amoroso em projecto que nunca mais se consuma.