sexta-feira, março 09, 2007

O bibliotecário progressista

Ilustração: Justin DeGarmo

Na Biblioteca Comunitária de Kosice, Floriano Mrozek o director está impaciente.
- «C’os diabos!... Isto de ser politicamente neutral só me tem trazido problemas... o Ulrich dos bombeiros é amigo do presidente e nunca tem dificuldade em arranjar dinheiro para a corporação. O Sebastien da filarmónica é primo do vereador e tem a orquestra sempre a brilhar. Wretzky, o gordalhufo da polícia, lá conseguiu fundos desta vez para as obras no refeitório e até a Tatiana da escola de sapateado não teve dificuldade em arranjar dinheiro para as obras nos camarins municipais depois de ser ter inscrito no Partido do Progresso e Vanguarda... Eu é que não me safo. Ando para aqui macambuzio e nem sequer tenho meios para comprar um folheto em segunda mão na livraria do Anatole. Isto tem de acabar, ai tem tem! O preço da neutralidade política tem sido a negligência e a indiferença do público e do poder local... kaput!...»

Este post foi um infeliz encontro entre o José Carlos Fernandes (autor de BD) e Bob Usherwood (professor de biblioteconomia radical). Infeliz porque na verdade Floriano Mrozek não está a seguir o caminho da biblioteconomia progressista, mas antes o caminho do clientelismo político.