Hábitos de leitura no Japão VI: 1945-1955
Ilustração retirada da série de animé «Read or die»
No periodo pós guerra os japosenes trocaram a mentalidade de conquista territorial militar, pela mentalidade de conquista económica. As forças armadas foram desmanteladas e a nobreza (guerreira, por natureza) foi abolida, com a excepção do imperador que se manteve como figura simbólica do novo regime constitucional. Como os japoneses prezam o esforço e a disciplina como valores morais superiores, concentraram-se na única tarefa que os americanos (potência ocupante) lhes permitiu realizar. O trabalho. Esta concentração no trabalho abriu as portas a jovens ambiciosos que transferiram a mentalidade militar para a organização das suas empresas emergentes. Procuraram então todas as formas possíveis para motivar e aumentar o interesse dos operários, técnicos e executivos pelo seu trabalho e pelo desempenho da empresa. A luta de classes era menos visível no Japão do que no ocidente e a integração de todos os trabalhadores com o destino da empresa mais forte. A ligação à empresa era vista como uma extensão da ligação familiar. Quando os negócios corriam bem, havia mais dinheiro e todos beneficiavam. Quando os negócios corriam mal todos tinham de fazer sacrifícios. Era normal que todos os trabalhadores (desde o mais modesto operário ao mais ilustre executivo) dessem contributos positivos e atendíveis para melhorar as condições de trabalho, o ambiente, o processo industrial e o aumento da produtividade. Nos anos 50 era normal que na maioria das empresas, todas as manhãs antes do inicio do dia de trabalho, o conjunto dos trabalhadores, funcionários, técnicos, executivos e administradores se juntarem para hastear a bandeira da empresa, cantar o seu hino e executar alguns exercícios físicos em conjunto (mentalidade militar). Esta dedicação ao trabalho não foi contudo isolada. Não foi circunscrita às meras rotinas laborais levadas até à exaustão. Nesta época e ao longo dos anos sessenta os japoneses dedicaram-se massivamente ao ESTUDO. O número de estudantes a frequentar a universidade explodiu e partiram delegações de emissários em direcção a todas as partes do mundo em busca de INFORMAÇÃO CIENTÍFICA, para ser posteriormente analisada à lupa. Só em 1967 os japoneses “dissecaram” 6 MILHÕES DE LIVROS CIENTÍFICOS ESTRANGEIROS. A maior parte deles sobre tecnologia. Aqui e ali sempre era possível encontrar novas observações ao conhecimento científico que podiam acrescentar...
To be continued
No periodo pós guerra os japosenes trocaram a mentalidade de conquista territorial militar, pela mentalidade de conquista económica. As forças armadas foram desmanteladas e a nobreza (guerreira, por natureza) foi abolida, com a excepção do imperador que se manteve como figura simbólica do novo regime constitucional. Como os japoneses prezam o esforço e a disciplina como valores morais superiores, concentraram-se na única tarefa que os americanos (potência ocupante) lhes permitiu realizar. O trabalho. Esta concentração no trabalho abriu as portas a jovens ambiciosos que transferiram a mentalidade militar para a organização das suas empresas emergentes. Procuraram então todas as formas possíveis para motivar e aumentar o interesse dos operários, técnicos e executivos pelo seu trabalho e pelo desempenho da empresa. A luta de classes era menos visível no Japão do que no ocidente e a integração de todos os trabalhadores com o destino da empresa mais forte. A ligação à empresa era vista como uma extensão da ligação familiar. Quando os negócios corriam bem, havia mais dinheiro e todos beneficiavam. Quando os negócios corriam mal todos tinham de fazer sacrifícios. Era normal que todos os trabalhadores (desde o mais modesto operário ao mais ilustre executivo) dessem contributos positivos e atendíveis para melhorar as condições de trabalho, o ambiente, o processo industrial e o aumento da produtividade. Nos anos 50 era normal que na maioria das empresas, todas as manhãs antes do inicio do dia de trabalho, o conjunto dos trabalhadores, funcionários, técnicos, executivos e administradores se juntarem para hastear a bandeira da empresa, cantar o seu hino e executar alguns exercícios físicos em conjunto (mentalidade militar). Esta dedicação ao trabalho não foi contudo isolada. Não foi circunscrita às meras rotinas laborais levadas até à exaustão. Nesta época e ao longo dos anos sessenta os japoneses dedicaram-se massivamente ao ESTUDO. O número de estudantes a frequentar a universidade explodiu e partiram delegações de emissários em direcção a todas as partes do mundo em busca de INFORMAÇÃO CIENTÍFICA, para ser posteriormente analisada à lupa. Só em 1967 os japoneses “dissecaram” 6 MILHÕES DE LIVROS CIENTÍFICOS ESTRANGEIROS. A maior parte deles sobre tecnologia. Aqui e ali sempre era possível encontrar novas observações ao conhecimento científico que podiam acrescentar...
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Fonte: LUYTEN, S. - Mangá: o poder dos quadrinhos japoneses. 2ª ed. São Paulo : Hedra, 2000.
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