domingo, abril 06, 2008

Clube de leitura “fuck the poor”!


"Comunidade de Leitores": ilustração do José Carlos Fernandes

A «Time Out» de Abril tem na página 37 um artigo dedicado às Comunidades de Leitores e em especial à Comunidade de Leitores da Livraria Almedina. Para além do blá, blá, blá do costume sobre o livro e a leitura escreve às tantas que “o perfil das pessoas é muito diversificado. ESQUEÇAM OS REFORMADOS, AS DONAS DE CADSA, OS DESOCUPADOS, O CLICHÉ DO GRUPO FEMININO TUPPERWARE. Esta comunidade não é assim. Com vinte fiéis desde o início tem estudantes universitários, médicos, advogados e bancários”.

É normal que as livrarias tenham este público-alvo (estudantes universitários, médicos, advogados e bancários) nas suas comunidades de leitores? Sim, porque a sua missão é vender livros. E quem compra livros são as pessoas que lêem e, sobretudo, as pessoas que têm dinheiro.

E as bibliotecas públicas? Devem também esquecer os reformados, as donas de casa, os desocupados e o grupo feminino do tupperware? NÃO! Devem concentrar-se precisamente nestas pessoas. E porquê? Porque promover a leitura é “pôr a ler” as pessoas que não têm hábitos de leitura. Se não for assim, se os clubes de leitura das bibliotecas forem como os da Almedina, com professores e estudantes universitários, advogados, médicos e intelectuais, então não estamos a promover a leitura (não se promove a leitura em quem já lê… é estúpido e culturalmente fascista) mas a PROMOVER O AUMENTO DO FOSSO ENTRE OS QUE TÊM ACESSO AOS BENS CULTURAIS E INFORMATIVOS E OS QUE NÃO TÊM.

Parece-me que hoje acordei particularmente constipado…
Abraço fraternal do vosso Bibliotecário Robin dos Bosques