Grandes bibliotecários
Herman Kruk, 1896-1943. Responsável pela grande Biblioteca Grosser de Varsóvia até 1939, refugiou-se em Vilnius, na altura ocupada pelos soviéticos, para escapar à ocupação nazi na Polónia. Em 1941, quando os alemães invadiram por fim a Lituânia, tentou ainda escapar, sem sucesso, para a União Soviética. Após várias tentativas infrutíferas de fuga, Kruk decidiu então permanecer no Gueto de Vilna e aí dedicar-se à reconstrução da nova biblioteca judaica. Nessa biblioteca trabalhou constantemente enquanto não foi deportado. Renovou as salas, recebeu inúmeros livros (que chegavam diariamente em grandes quantidades provenientes das casas vazias à medida que a população do gueto ia sendo deportada), catalogou a colecção. Recatalogou a colecção depois dos nazis terem confiscado e destruído o catálogo. Desempenhou um trabalho infatigável, apesar da raiva e do desespero constante. Assistiu à queda demográfica do gueto de 70.000 para 50.000 e 20.000 pessoas. Durante todo esse tempo (1941 a 1943) cerca de 25% do gueto utilizou os serviços da biblioteca que se resumiam ao empréstimo de livros e consulta do catálogo. Nos seus relatórios revelou ainda que os leitores requisitavam sobretudo livros sobre guerra, massacres étnicos (e.g. o holocausto arménio) e também livros infantis. Segundo Kruk o horror era tão grande que a “evasão” através dos livros tinha de ser feita com obras que revelassem horrores idênticos ou piores aos que estavam a viver. Em Setembro de 1943, pouco antes da liquidação final do gueto, Kruk foi deportado para o campo de concentração de Kruga, na Estónia onde morreu.
O seu diário serviu de base para o livro «The last days of Jerusalem of Lithuania».
<< Página inicial