terça-feira, janeiro 30, 2007

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«Path of the assassin» é uma empolgante mangá histórica que nos narra a vida de Hattori Hanzo, um mestre ninja cujo dever é proteger secretamente (to serve in the dark) o shogun Tokugawa Ieyasu que iria mais tarde governar e unificar o Japão. Estamos em pleno século XVI da nossa era e antes de Ieyasu cumprir a sua missão terá de crescer e tornar-se adulto, tempo necessário para que o herdeiro shogun e o jovem ninja estabeleçam uma peculiar relação de amizade e de disciplina (obediência cega) que qualquer ninja deve a seu amo Os personagens são reais. Existiram de facto na sua época. «Path of the assassin» é um óptimo exemplo para observarmos as principais diferenças culturais entre o Japão e o ocidente. Na verdade para a moral Japonesa o sentido de dever e de disciplina são valores morais superiores à dicotomia entre o bem e o mal, típica do ocidente. Para dar um exemplo: quando, no âmbito do treino dos jovens ninjas, o mestre ordena ao discípulo que este furte ao comerciante o objecto mais volumoso da sua banca sem que o comerciante dê por isso, o discípulo não questiona se a ordem é boa ou má. Têm de cumpri-la e pronto!... Se não cumprir será um fracasso. Uma desonra. E a desonra, se for extrema, paga-se com a própria vida. Ao contrário das mangas para crianças e adolescentes este trabalho de dois grandes mestres japoneses (Kazuo Koike e Goseki Kojima – o duo maravilha) apresenta um desenho e um tracejado mais realistas, os olhos dos personagens, por exemplo, não são grandes e redondos como é típico na mangá para o público mais jovem. Trata-se, em conclusão, de um grande livro para ficarmos a saber algo mais sobre a história do Japão no século XVI e a narrativa é viciante como… a nicotina. A obra é composta (ao que me pareceu) por cinco volumes (ainda só li primeiro) cada um com mais de 300 páginas. Para além de mim também Quentin Tarantino (outro génio da biblioteconomia) se apaixonou por esta obra, de tal maneira que o fabricante de espadas no filme «Kill Bill» se chama precisamente Hattori Hanzo – uma homenagem de Tarantino aos seus mestre preferidos de mangá.