sexta-feira, setembro 29, 2006

No pictures!

O blogue do autor de banda desenhada e ilustrador Pepedelrey, um rapazinho anarca, saudosista do V império, bonacheirão com mau feitio, budista zen, refilão e músico de mariachi em casamentos, baptizados, bar-mitzvahs e funerais, publicou uma fotografia não autorizada do presumível bibliotecário anarquista em plena Feira Laica, com uma das suas (muitas… milhares ao que parece) sucessoras, no caso a Luísa a experimentar o “Sucedâneo mobile” (o veiculo ligeiro do fanzine Sucedâneo). A publicação desta fotografia não autorizada conduzirá a um inevitável processo judicial, uma vez que a verdadeira identidade do bibliotecário é secreta tal como acontece com os super-heróis, os Gorillaz e o Salman Rushdie.

terça-feira, setembro 26, 2006

Bibliotecas e corridas científicas

Ontem ao folhear a minha revista científica de eleição «O Pato Donald Quinzenal» descobri uma informação surpreendente. Nos anos 50 o número de bibliotecas escolares norte-americanas registou um crescimento explosivo. E sabem qual foi a causa? Sabem? Sabem? Sabem?... Foi a corrida ao espaço. É que os soviéticos ganharam vantagem ao lançar o primeiro sputnik e os americanos algo desesperados, não querendo que os seus miúdos fossem mais idiotas que os putos dos russos, em matéria de conhecimento científico, desataram a construir bibliotecas escolares. “Wise decision!”. Pena é que Portugal não participe em nenhuma corrida científica com nações rivais (e.g. Ruanda, Burkhina Faso, Tuvalu, etc.) para vermos crescer bibliotecas como cogumelos.

Reconversão urgente das bibliotecas e dos profissionais da informação


A iniciativa "Compromisso Portugal" considera que existem 54.324 bibliotecários, documentalistas, técnicos-adjuntos a mais na administração pública portuguesa. Segundo os seus responsáveis este “monstro” representa um encargo muito pesado para os contribuintes portugueses que não querem saber de livros e de bibliotecas para nada! «Ler para quê?... Se ganhamos mais dinheiro como strippers ou table dancers!...» referiu um membro desta sociedade civil anónimo no Convento do Beato. O Governo e os municípios, por seu turno, estão sensíveis a esta questão e propõem uma solução alternativa que passa pela reconversão gradual das bibliotecas para casinos e centros de lazer radicais, de forma a rentabilizar estes projectos caríssimos e de elevada inutilidade.

Funcionários das Bibliotecas de Lisboa eufóricos com o aumento do horário de trabalho


As últimas notícias vindas a público referentes ao aumento das horas de trabalho para os funcionários das Bibliotecas de Lisboa têm trazido imensa alegria e alguma ansiedade aos funcionários do sexo masculino das referidas Bibliotecas. «É absolutamente fantástico!» disse-nos Ezequiel catalogador compulsivo da Biblioteca Histórica do Castelo de São Jorge. «A partir de agora só chego a casa às oito da noite e já não tenho de ouvir a minha Maria a dar ordens, a mandar dar banho aos putos, a pôr o lixo lá abaixo. Acabou-se a tirania e posso catalogar à vontade!».
«Mal por mal, antes um chefe distante na Casa dos Bicos a mandar ficar mais tempo na biblioteca, do que ter a patroa em cima a mandar desligar a televisão, lavar a loiça e ir ao hipermercado aos sábados, isto foi uma dádiva. Os homens que se lembraram disto haviam de ser beatificados», opinou Talião técnico-adjunto da Biblioteca Árabe de Alfama.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Petição de apoio às vitimas da Biblioteca de Celorico de Basto


Ilustração: Peter Kuper

A biblioteca de Celorico de Basto vive momentos dramáticos com o tsunami documental provocado pelo Prof. Marcelo Rebelo de Sousa. «Passámos aqui momentos muito difíceis no tempo das “Escolhas do Marcelo” e pensámos que o pior já tinha ido», contou-nos a bibliotecária, ainda em estado de choque. «Contudo quando hoje chegámos à biblioteca e vimos mais um camião TIR carregado de Directivas Comunitárias, Assentos e Acórdãos do STJ e do Tribunal Constitucional, jurisprudência do Supremo Tribunal da República Federal Alemã, a colecção completa I, II e III séries (1958-1988) da revista “Pateta” e ainda o vasto espólio da família Otto Von Bismmark [amigos do professor de Cascais] de literatura Prussa em neerlandês, voltámos a entrar em pânico». Visitámos o Pedro da catalogação que ainda se encontra na unidade de cuidados intensivos do Hospital de Braga. «Fiquei assim depois de ter sido obrigado a catalogar mais de 2.000 volumes do Boletim Oficial das Comunidades em letão» contou-nos. «Não volto a pisar aquela biblioteca nem morto!...», disse-nos na cama enquanto imitava o som do colibri. À margem deste processo corre em simultâneo uma petição no sentido de sensibilizar as autoridades nacionais para a necessidade de transferir o aterro sanitário (ainda em fase de projecto) de Souselas precisamente para Celorico de Basto. Ficamos a aguardar mais informações sobre o assunto.

O Anarquista em reportagem,

Nota: para os cibernautas estrangeiros estamos a falar de um ilustre e mediático professor de direito e comentador de jogos de futebol em Portugal, que resolveu doar compulsivamente livros e documentação variada à biblioteca pública da sua terra, para grande terror dos seus funcionários e leitores.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Serviço de aquisições

«Yikes!... A vida no Texas já era uma selvajaria brutal andes da chegada dos chapéus brancos. Índios e espanhóis a matarem-se uns aos outros a torto e a direito. `Bora visitar o local antes q’ a malta mais sofisticada faça do genocídio uma “fine art”». É assim que Jack Jackson, um veterano da banda desenhada underground de São Francisco, introduz uma das suas histórias em «God’s Bosom and other stories» (1960) livro dedicado à desconhecida história do Texas pós colombiana, mas anterior à chegada dos altos e louros. Ao contrário da banda desenhada histórica na ditosa pátria, este livro não é patriota, não é moralista e não é conservador - muito antes pelo contrário. É portanto um livro a ler. Ao Marcos que me emprestou o livro: muchas gracias!... À Sandra que me deixa ler banda desenhada enquanto toma conta dos putos: mil beijos!

Serviço de aquisições

A banda desenhada é uma linguagem com potenciais infinitos. Ao contrário do que muitos julgam a BD não se resume a algumas histórias de aventuras, heróis e super heróis destinada a públicos jovens e infantis. Na verdade, depois de Tintim, Astérix, Corto Maltese e Maus a banda desenhada de qualidade continuou a ser criada, reinventada e publicada. Desgraçadamente para nós é publicada sobretudo no estrangeiro (E.U.A., França, Bélgica, Japão, Espanha, Brasil, etc.) e cada vez menos em Portugal. «Le photographe» é disso mais um exemplo. Mais uma banda desenhada de excelência (entre milhares) que escapou aos radares obsoletos das nossas editoras. Aliando a fotografia (Lefèvre) ao desenho (Guibert) le photographe é uma fabulosa bd reportagem que nos narra a viagem duma equipe francesa dos médicos sem fronteiras ao coração do Afeganistão em 1986 para trabalhar junto dos guerrilheiros talibans (na altura chamavam-se mujhaedins e combatiam os soviéticos - ainda não praticavam o terrorismo global). Citando a Bedeteca Ideal «este livro conta [em três volumes] a longa caminhada de homens e mulheres que foram reparar o que outros destruíram». A edição é belga (também existe uma edição espanhola) e para justificar a compra podem sempre alegar que o fazem não só para divulgar a melhor BD reportagem que se faz neste momento, como também, para ajudar os leitores a ler e aprender línguas estrangeiras, uma competência cada vez mais apreciada nos Curricula Vitae.

Um abraço,

terça-feira, setembro 19, 2006

A Internet não substitui as Bibliotecas : 10 razões [uma por dia]

Ilustração: Peter Kuper

5. Pode o Estado comprar apenas um e-book e distribui-lo por todas as bibliotecas universitárias?

Sim, e nós podemos também ter apenas uma escola secundária nacional, uma universidade nacional, e um pequeno número de professores universitários, que irão ensinar toda gente pela Internet. (…)
Desde 1970 cerca de 50.000 títulos académicos foram publicados anualmente. Dos cerca de 1,5 milhões de títulos publicados desde então apenas alguns milhares estão disponíveis. Dos títulos publicados antes de 1925 (títulos que muito provavelmente já caíram no domínio público) apenas 20.000 estão disponíveis. Por quê? Se não existem nenhumas restrições de copyright que façam os preços elevar-se. Por último, os vendedores que fornecem os e-books permitem apenas a existência de uma cópia por biblioteca. Se o leitor x está a ler o e-book, o leitor y tem de esperar que o x o “devolva” para aceder ao seu conteúdo…

Fonte: http://www.ala.org/ala/alonline/selectedarticles/10reasonswhy.htm

segunda-feira, setembro 18, 2006

Eppure no si muove

Ilustração de Guido Crepax
Os livros da estante do erotismo mexem-se por si próprios!?... Reparei atónito enquanto indexava as obras de referência de banda desenhada. Não, na verdade um leitor mais tímido colocou-se em frente à estante que fica costas com costas – a estante das novidades – e com a sua mão invisível chegava aos livros eróticos, seleccionava o livro escolhido e retirava-o de forma lenta e silenciosa. Parecia que saíam da estante pelas traseiras desafiando as leis da gravidade. O bibliotecário “monga”, por seu turno, ainda demorou alguns segundos a entender a causa do estranho fenómeno. Tempo que aproveitou estupidamente para tirar os óculos. Esfregar os olhos. Voltar a abri-los e coçar a cabeça.

quinta-feira, setembro 14, 2006

A Internet não substitui as Bibliotecas : 10 razões [uma por dia]


Ilustração http://www.mrbiggs.com/

4. Aquilo que ficamos sem saber pode ser fatal

«Uma das grandes conquistas dos leitores nas bibliotecas tem sido o acesso online aos jornais eletrónicos. Contudo os magníficos sites que disponibilizam os textos completos, nem sempre o fazem de forma “completa”. E aquilo que ficamos sem saber pode ser fatal.
Assim:
- Os artigos nestes sites são muitas vezes incompletos e entre outras lacunas não costumam apresentar “notas de rodapé”.
- Tabelas, gráficos e fórmulas também não costumam surgir de forma legível;
- Os títulos dos jornais online mudam muitas vezes sem qualquer espécie de aviso;
- Uma biblioteca pode começar com x títulos em Setembro e acabar com Y títulos em Maio. O problema é que esses títulos não são os mesmos que o pacote Setembro-Maio.
- Embora a biblioteca possa ter pago 100.000$ pela assinatura anual, raramente é notificada ou informada sobre qualquer mudança.
Não trocaria o acesso a jornais electrónicos por nada neste mundo, contudo a sua utilização deve ser bem medida, ajuizada e planeada, não se devendo conferir de imediato uma confiança total, completa e exclusiva».

Fonte: http://www.ala.org/ala/alonline/selectedarticles/10reasonswhy.htm

terça-feira, setembro 12, 2006

A Internet não substitui as Bibliotecas : 10 razões [uma por dia]

Ilustração de Pedro Morais
3. Não existe controlo de qualidade

Sim, precisamos da Internet, mas para além de toda informação científica, médica e histórica, a Net é também um poço cheio de lixo. Quando os jovens cibernautas não se estão a dedicar à educação sexual através de sites XXX [que por sinal acho muito bem!], estão provavelmente a aprender política através da freeman Web page, ou a bondade das relações inter-étnicas através do site do Ku Klux Klan, ou pior ainda, Biblioteconomia avançada através do Bibliotecário Anarquista. Não existe, portanto, controlo de qualidade na Internet e não parece que alguma vez venha a existir. Ao contrário das bibliotecas onde a imprensa cor-de-rosa não entra ou entra raramente, a vaidade e o ego são muitas vezes o fio condutor da Net [e este weblogue é disso um exemplo flagrante] onde qualquer tolo pode pôr online qualquer espécie de dejecto tóxico sem o menor problema.

Fonte: http://www.ala.org/ala/alonline/selectedarticles/10reasonswhy.htm

segunda-feira, setembro 11, 2006

Terroristas do 9/ 11 utilizaram bibliotecas públicas


Ilustração de Will Eisner

Segundo a National Review 7 dos 19 terroristas que sequestraram os aviões no dia 11 de Setembro utilizaram bibliotecas públicas nos estados de Washington, Nova Iorque e Pensilvânia (nomeadamente para comprar bilhetes nos referidos aviões através da Internet). Segundo a revista citada este facto é suficiente para justificar a aplicação do U.S. Patriot Act nas bibliotecas, que permite ao FBI consultar ficheiros de utilizadores (livros requisitados, sites consultados, livros e outros documentos lidos, etc.) sem a sua autorização ou mesmo conhecimento. A polémica em torno do U.S. Patriot Act resulta da seguinte justaposição de direitos liberdades e garantias: é que para consultar os ficheiros dos utentes das bibliotecas em nome da Segurança do estado e dos cidadãos, sacrifica-se o menos importante Direito à Privacidade.

A Internet não substitui as Bibliotecas : 10 razões [uma por dia]

Ilustração de Gonçalo Viana

2. A agulha (a sua pesquisa) num palheiro (a Web)

«A Internet é como uma extensa biblioteca por catalogar. Se utilizarmos o Hotbot, o Lycos, o Dogpile, o INFOSEEK, ou qualquer outro motor de busca ou de meta dados não estamos, na verdade, a pesquisar a Internet inteira. Os motores de busca prometem frequentemente pesquisar e recuperar tudo mas na verdade não o fazem. Por outro lado, o que pesquisam não tem em conta actualizações diárias, semanais, ou ainda mensais, independentemente do que anunciam. Se um bibliotecário disser: «aqui estão 10 artigos sobre nativos americanos, temos mais 40 mas para já não o deixamos ver. Vamos esperar que encontre noutra biblioteca», nós mandamo-lo àquela parte. Na Internet isto acontece com frequência e ninguém se importa».

sexta-feira, setembro 08, 2006

A Internet não substitui as Bibliotecas : 10 razões [uma por dia]


Ilustração: António Albuquerque

1. NEM TUDO ESTÁ DISPONÍVEL NA INTERNET

«Com mais de um bilião de páginas WEB, nunca o diríamos pela simples observação. No entanto, muito poucos materiais com conteúdo certificado estão disponíveis na Internet em acesso livre. Por exemplo, apenas 8% dos jornais científicos estão online e quanto aos livros a percentagem ainda é menor. Ainda assim quando estão acessíveis o seu acesso não é gratuito (ao contrário das bibliotecas). Se quisermos aceder ao Journal of Biochemistry, Physics Today, Journal of American History, temos de pagar e não é pouco».

Fonte: http://www.ala.org/ala/alonline/selectedarticles/10reasonswhy.htm

quinta-feira, setembro 07, 2006

Biblioteca silenciosa



Trata-se de um video que já corre há uns meses na blogosfera, mas que o bibliotecário anarquista resolveu utilizar para teste.
Obrigado pela compreensão camaradas,

terça-feira, setembro 05, 2006

Bibliotecas e danos colaterais


Ilustração: Mazen Kerbaj

Quando Tony Blair e George Bush convocaram o mundo para assistir à libertação de Bagdad em Abril 2003 chamaram ao feito “uma vitória para a democracia”. Mas nesses dias houve muito boa gente que em vez de libertação viu destruição. Viu mais a destruição de uma cultura do que um novo começo. Na verdade, entre os edifícios destruídos pelo fogo das forças da coligação estavam a biblioteca e o arquivo nacional. Nestes dois casos as câmaras de televisão filmaram mesmo milhares de documentos a arder dispersos no exterior. Mesmo que alguns dos mais importantes documentos tenham sido removidos atempadamente para o depósito há mais de três anos, os investigadores ainda não sabem ao certo o que se perdeu.

Infelizmente é bastante difícil contabilizar este tipo de desastres. Segundo um e-mail remetido recentemente à British Library mais de 20 bibliotecas foram destruídas ou danificadas no último mês no Líbano meridional, e saber neste momento o que se perdeu é um exercício que só a nossa imaginação pode responder.

Tradução livre e parcial de «Preservation hoarders» // In: The Guardian. Education. Set. 5 de 2006. Disponível em: http://education.guardian.co.uk/administration/story/0,,1864729,00.html

segunda-feira, setembro 04, 2006

Serviço de aquisições

Os menos distraídos já devem ter reparado que não é só no médio oriente que se está a “comemorar” ou a “lembrar” os 70 anos da Guerra Civil de Espanha. Assim, a Semana Negra e a Pepsi publicaram este ano uma grande antologia de pequenos contos em prosa e em banda desenhada alternadamente sobre Gernika, a pequena cidade basca que em 26 de Abril de 1937 foi reduzida a escombros pelos aviões nazis… ou sobre Guernica a famosa pintura de Pablo Picasso. Os contos são histórias de ficção (um deles é mesmo ficção científica) com a pintura ou o bombardeamento em pano de fundo. Os autores (escritores, argumentistas e desenhadores) são muito, muito bons. Para mais informações sobre o livro contactem: snegra@teleline.es. À Semana Negra que ofereceu este livro aos leitores da Bedeteca MUITO OBRIGADO!

SEMANA NEGRA, prod. - Guernica variaciones Gernika. Gijón : Semana Negra, 2006. [140] p. D.L. As-3.125/26

Reabertura


Ilustração: Paulo Buchinho

Aberto Segunda a Domingo das 23h às 5h