sexta-feira, abril 28, 2006

O bibliotecário segregacionista


Sorry, but I hate smelly people in the library = Pardon, mais je n’aime pás les mecs qui pue dans la bibliothéque. Desculpem, mas não consigo escrever isto em português. É demasiado reaccionário. Preconceituoso? Excludente? Não sei qual é a palavra mais acertada. Em todo o caso, bom fim de semana!

«Tenho de ir à Biblioteca num instantinho!»


A Rosa e o Marcos estiveram na Bedeteca de Estocolmo (Serieketek) e trouxeram-me este postal ilustrado pelo Ulf Lundkvist.

quarta-feira, abril 26, 2006

Serviço de aquisições


Se não conhecesse o Pepe diria que uma Nave Espacial Vogon, vinda directamente do planeta Alpha Centauri tinha aterrado na minha secretária deixando na Bedeteca, para efeitos de depósito e preservação, esta magnifica monografia ilustrada. Poderia ser um livro de viagens. Mas de viagens inter galácticas. Mais. De viagens inter galácticas por lugares e planetas menos recomendáveis. O narrador é um extraterrestre típico (com a fisionomia dos extra terrestres encontrados em Roswell) que nos vai descrevendo de um modo meio melancólico meio noir as viagens na Virgin (a nave espacial), na companhia do piloto (um terráqueo ou pelo menos com aspecto humano) e o estranho encontro que tiveram com uma mulher fatal… andróide. A catalogação deste volume não se afigura fácil, mas recomendo a escolha de Pepedelrey, pseud. para cabeçalho e a arrumação da mesma na estante de Ficção Científica (por não existirem estantes com material extraterrestre). SALA DE ADULTOS. Apenas uma nota extra. O livro foi publicado em inglês. É que no planeta Alpha Centauri o português não é uma língua. É um padeiro!

Pepedelrey, pseud
Virgin’s trip / Pepedelrey ; Nuno Duarte… [et al.]. – [Lisboa] : El Pep, 2006.
ISBN: 972-98177-7-4
Distribuição Chili com carne

domingo, abril 23, 2006

Bibliotecário Anarquista Breaking News!


Um homem foi preso depois de ter sido apanhado a masturbar-se na secção infanto-juvenil da biblioteca de Long Island.

Fonte: http://crimeinthelibrary.blogspot.com/

quinta-feira, abril 20, 2006

Seminário Direito de Autor e Bibliotecas

Findo o seminário, o regresso a casa e uma enorme enxaqueca. As comunicações foram boas mas são muito preocupantes. Parece que as conclusões do Tribunal Europeu não são favoráveis a Portugal e corremos o risco de ter de enfrentar uma sentença negativa. O comodato público (ou empréstimo pelas bibliotecas) não pode ter um leque de excepções que inclua todas as bibliotecas. Ou seja, as excepções vão ter de ser menores. A SPA (representada pelo Dr. João Laborinho Lúcio) defende que devem ficar isentas apenas as bibliotecas escolares e as bibliotecas universitárias. Restam pois as Bibliotecas Públicas e os Centros de Documentação. Quem vai pagar o empréstimo nestas bibliotecas, pergunto? Os leitores? Não porque não têm meios. São pobres, por isso é que utilizam as Bibliotecas. O Estado e as Autarquias que já têm tanta dificuldade em manter as bibliotecas abertas (com custos de pessoal, aquisições – que inclui a taxa de copyright – software, hardware, custos correntes e de manutenção, segurança, etc…) vão ainda pagar mais uma factura? E por outro lado o Estado não somos todos nós? Que estamos falidos enquanto pessoas, famílias, autarquias e país?... O que vai acontecer certamente é que o Estado (essa entidade marciana) vai desinvestir nas Bibliotecas, que já dão muita despesa sem a taxa do empréstimo. Estas vão se reduzir a um número mínimo nos bairros e autarquias mais rentáveis (onde os leitores podem pagar a taxa) Av. de Roma, Restelo, Quinta da Marinha, Foz do Douro e pouco mais, para combater a os elevados índices de iletracia dos queques, que podem pagar o empréstimo. E as outras vão fechar as portas. Sorry oncle Walt! We really have to shut our doors!...

Mas o Bibliotecário Anarquista não se rende e apresenta algumas sugestões ousadas:

1 – Transferência imediata dos fundos e staff das bibliotecas públicas para as bibliotecas escolares e universitárias.

2 – As bibliotecas escolares passam a ter pólos fora de portas ao anexar as bibliotecas públicas que fiquem perto de casa dos estudantes. Estas mudam assim de estatuto para bibliotecas escolares e fica o assunto arrumado.

3 – Último recurso. O Estado Português (lembrem-se somos nós!) renuncia à soberania e solicita à vizinha Espanha a reintegração imediata no Reino de Castela, invocando que a Restauração da Independência foi um equívoco, que resultou de uma indigestão e consequente ataque de fúria que o Duque de Bragança teve depois de ter ingerido um Bocadillo mal passado.

Digam de vossa justiça qual será o plano mais adequado e fiquem com as conclusões.

Abraço,

Bibliotecário Anarquista

CONCLUSÕES

A difícil neutralidade que me é exigida nestas conclusões obriga-me a garantir um equilíbrio entre o que aqui foi dito a favor do direito à propriedade intelectual, visto como um justo pagamento aos autores pelas diversas utilizações das suas obras protegidas e o que foi dito em favor dos utilizadores, clientes ou leitores habituais e potenciais das bibliotecas “o direito ao acesso livre e universal à informação, ao conhecimento científico e à cultura”.

Assim,

No início do terceiro milénio antes de Cristo os Sumérios inventaram os primeiros lugares para armazenar e classificar materiais escritos. As Bibliotecas. Desde então, nunca mais deixaram de existir. Cerca de 5 mil anos mais tarde, em finais do séc. XVIII início do séc. XIX depois d. C., a burguesia emergente da Revolução Francesa criou uma nova disciplina jurídica para tutelar um novo direito de propriedade que visava proteger a propriedade intelectual dos autores. O Direito de Autor. Desde a sua criação até ao final dos anos 60 do século XX as Bibliotecas e o Direito de Autor conviveram pacificamente.
Contudo a partir dos anos 70 uma série de factores contribuíram para que esta boa vizinhança entre as Bibliotecas e o Direito de Autor entrasse em colapso.
Em primeiro lugar o advento das reprografias (fotocópias) e a facilidade em copiar e difundir informação escrita protegida por copyright, que começou a ser muito utilizada nas bibliotecas, escolas e universidades.
Em segundo a mudança de “atitude” das bibliotecas que deixaram de ser meros repositórios de livros para efeitos de conservação e património, passando a ter uma atitude pró activa em matéria de promoção da leitura e difusão da informação e da cultura.
Em terceiro a própria explosão do acesso ao ensino superior (e às bibliotecas universitárias), que deixou de ser um privilégio de uma minoria. De uma elite. Generalizou-se nos países mais desenvolvidos a toda a população.
Em quarto a emergência de um direito de autor europeu, que por ser europeu os objectivos são, sobretudo, económicos e comerciais, sendo em menor escala culturais ou científicos.
Defende-se, assim, que a justa remuneração pela utilização das obras protegidas dá melhores garantias de desenvolvimento e eclosão duma “indústria” cultural mais competitiva quer a nível comunitário quer a nível mundial.
Defende-se também que não é justo fazer pesar sobre os criadores intelectuais a carga financeira das políticas públicas de difusão cultural.
Perante este cenário de restrição ao acesso de obras protegidas mediante o pagamento de royalties aos detentores de direitos autorais e direitos conexos, qual é a situação das bibliotecas e centros de documentação?
Em primeiro lugar convém não esquecer que as bibliotecas têm pelo menos mais cinco mil anos de existência que o Direito de Autor, pelo que podemos sempre invocar aos defensores do Direito de Autor que a boa educação exige “respeitinho pelos mais velhos”.
É caso para dizer: felizmente as bibliotecas têm mais cinco mil anos que o Direito de Autor, porque se fosse o contrário, se alguém se lembrasse hoje de criar uma instituição que tivesse por fim recolher, tratar e sobretudo difundir pela população obras protegidas por copyright de uma forma gratuita, seria imediatamente considerado um projecto ilegal, utópico, senão mesmo inconstitucional e certamente com direito a moldura penal para os prevaricadores (leia-se bibliotecários).
Mas felizmente ainda podemos consultar livremente obras protegidas nas nossas bibliotecas públicas e certamente que todos aqui presentes o fizeram regularmente, pelo menos ao longo da sua vida académica.
Eu confesso que utilizei e utilizo bibliotecas e até para redigir estas simples conclusões tive de pedir emprestadas algumas obras: livros e artigos científicos sobre Direito de Autor e Bibliotecas, que os requisitei de forma gratuita.
Como a transposição vigente da Directiva Comunitária 92/100/CE não impõe o empréstimo pago nas bibliotecas, não de pagar por cada documento emprestado, para efectuar este trabalho gratuito.
É que sendo gratuito não me apetece pagar para o fazer. Agora pergunto o que acontecerá à produção científica em Portugal no dia em que os estudantes e os investigadores tiverem de pagar uma taxa por cada documento emprestado nas bibliotecas. Perdem os estudantes que lêem menos e ficam a saber menos. E perde o país que fica com os recursos humanos menos qualificados e uma produção científica de menor qualidade. Perdem também, a longo prazo as editoras e os autores, porque entretanto se perderam hábitos de estudo e de leitura.
Para dar uma ideia:
«No Reino Unido, onde se paga a taxa pelo empréstimo de livros nas bibliotecas desde 1993, a redução de empréstimos foi considerável desde a implementação da taxa: de 563 milhões de empréstimos em 1993, passou-se a 406 milhões em 2003; o mesmo é dizer que em dez anos de aplicação da taxa, o Reino Unido reduziu os seus empréstimos em 157 milhões» Fonte II Jornadas Contra el Préstamo de Pago.O que significará a adopção desta medida por Portugal?A IFLA (Internatinal Federation of Library Association) considera que «a tendência actual de inclusão de novos âmbitos do Direito de Autor e de supressão das tradicionais restrições e excepções ao Direito de Autor exercerá uma profunda influência negativa na educação e investigação e no fruto das mesmas. O mesmo é dizer uma influência negativa sobre o progresso económico, científico e cultural das pessoas, das nações e da sociedade o qual se repercutirá sobretudo na economia dos países em vias de desenvolvimento». Fonte: La posición de la IFLA frente al derecho de préstamo al público.
Pagar para levar livros da biblioteca é o mesmo que dizer ao estudante e ao investigador. Não têm dinheiro, então não estudam! Ou estudam menos. Ou aos leitores das bibliotecas públicas. Não têm dinheiro, não lêem! Lamento mas não têm acesso à cultura. É, parece-me, profundamente injusto e um regresso ao modelo económico ultra liberal em que os mais desfavorecidos não tinham direitos. Ou só o tinham formalmente.
E lembro que as bibliotecas públicas e universitárias, ao contrário do Direito de Autor, têm também uma missão social. Uma responsabilidade social de promover o acesso à cultura, ao estudo, à investigação e ao conhecimento científico àqueles que são mais desfavorecidos. Àqueles que não têm meios económicos para o fazer. Àqueles que poderão ser futuros cientistas, professores, escritores – em suma AUTORES - se lhes fornecermos hoje os meios e as ferramentas necessárias.
E pode ser também, na perspectiva daqueles cujo negócio passa pela comércio da propriedade intelectual, a “matança” da galinha dos ovos de ouro, uma vez que cortando as hipóteses de leitura aos mais desfavorecidos de hoje, cortam também os seus potenciais hábitos de leitura futuros. Não é difícil imaginar que em bibliotecas como a Bedeteca (Olivais), onde a grande percentagem de leitores são adolescentes dos bairros sociais de Chelas, Marvila e Olivais, quando lhes for cobrado o empréstimo desaparecem. Deixam de ler. Ou, hipótese mais optimista na perspectiva da leitura, assaltam a biblioteca!
Por último é bom lembrar que as questões relevantes em matéria de Direito de Autor e Bibliotecas não se esgotam com a questão do comodato ou empréstimo e da transposição da “famosa” Directiva Comunitária para o ordenamento jurídico português – que foi um pouco a “pedra de toque” deste Seminário. É bom lembrar que subsistem numerosas questões relacionadas com os serviços de reprografia. Subsistem problemas específicos relacionados com os materiais sonoros e audiovisuais. Persistem ainda muitos problemas relacionados com os documentos digitais, universo onde creio nem sequer as excepções resultantes da utilização livre estão previstas. O que é grave.

Por último gostaria de deixar uma declaração, possivelmente sem qualquer efeito jurídico.

Copyleft statement
Para os devidos efeitos declara-se que a cópia e difusão desta comunicação e respectivo texto escrito por qualquer meio analógico ou digital, sem autorização expressa do autor é altamente encorajada, excepto para venda ou aluguer e salvaguardando sempre a autoria do mesmo.

Adalberto Barreto

segunda-feira, abril 17, 2006

A Biblioteca de Córdova


«Nada na terra lhe era comparável, nem mesmo a ptolomaica de Alexandria, destruída pelo fogo. Não poderias imaginar um santuário mais faustoso, da dimensão de uma cidade, agrupando dezenas de edifícios separados por jardins de laranjeiras e ciprestes e um dédalo de deambulatórios entrecortados por fontes e locais de sombra, tão propícios à meditação. Ali parava todo o barulho e toda a fúria do mundo. Ali sobrevivia toda a poesia e toda a ciência dos lugares habitados. Estimava-se em mais de quatrocentos mil os livros arrumados em arcas de madeira e de couro. Toda uma população de copistas, caligrafos, iluminadores, tradutores, estudantes, leitores, trabalhavam em silêncio, cada um na sua tarefa, nos seus sonhos, nos seus recolhimentos. Naquele tempo corria um ditado: se tens uma jóia para vender vai a Bagdad; se tens uma Lâmina de espada vai a Sevilha: mas se te queres desfazer de um livro vai a Córdova. Durante os últimos três séculos a nossa cidade vinha reunindo, com enorme esforço e sem olhar a despesas, os manuscritos mais úteis e mais raros, assegurando a sua conservação com especiais cuidados. Ali havia papiros egípcios, rolos aramaicos, textos sânscritos, hebraicos, gregos, latinos, persas, sírios, magrebinos, andalzes, originais, transcrições e traduções árabes, que dormitavam à espera de voltarem à vida, ao primeiro sinal de chamada de um curioso ou de um erudito. Conta-se que o califa al-Haquem dispunha de um exército de emissários em redor do grande mar interior para procurar e comprar obras para a biblioteca, que ele tinha fundado com o dinheiro legado por uma das suas comcubinas, e que alguns livros tinham custado cem mil piastras».

In: LE PORRIER, Herbert – O médico de Córdova. Lisboa: Bizâncio, 1998.

sábado, abril 15, 2006


Ilustração de Edmond Baudoin

Em 19 de Abril de 1506 escrevia-se uma das mais tristes páginas na história mundial do anti-semitismo. E essas páginas escreveram-se precisamente nas ruas de Lisboa. Na velha judiraria de Lisboa. Em Portugal portanto, no reinado de D. Manuel. E que páginas foram essas? Foram a perseguições brutais e a morte de mais de quatro mil cristãos novos. Foi a morte impiedosa e a tortura de milhares de antepassados nossos por outros antepasados nossos. É curioso também que no tempo de D. João II (o reinado anterior) aplicáva-se a tolerância e o país teve um nível de desenvolvimento sem paralelo na história. Vivia-se a tolerância porque em Lisboa existia o maior bairro negro da Europa de então. O Mocambo. Porque os mouros ainda não tinham sido expulsos e cooperavam com o rei, assim como festejavam com ele sempre que houvesse celebrações. E havia tolerância porque existia uma grande comunidade hebraica (os judeus sefarditas da Península Ibérica). Sábios, médicos, matemáticos. Senhores da ciências e das finanças. Mas com D. Manuel tudo isso terminou. Os mouros foram expulsos e os judeus perseguidos. Era o início da Santa Inquisição, em que o episódio mais sangrento foi, sem dúvida, o que teve início no dia 19 de Abril de 1506. A época era de fome e de seca. Em Lisboa alguns fiéis testemunharam uma estranha luminsidade sobre a figura de um santo. Logo começaram os gritos de milagre! milagre!... Até que um homem reparou que aquilo não passava de um mero reflexo do sol e disse-o em voz alta. Azar o dele! Foi de imediato espancado até à morte e o seu corpo arrastado pelas ruas de Lisboa acusado de judeu pela população em fúria que numa avalanche de ódio não tardou em perseguir e matar tudo o que era cristão novo que lhe aparecesse pela frente incluindo crianças e bébés. Faz na 4ª Feira Quinhentos Anos que tudo isto aconteceu em Lisboa. Hans Zimmler descreve este episódio muito bem no «Último cabalista de Lisboa». Se fossemos um país um pouquinho mais desenvolvido estes factos não seriam esquecidos pelas instituições e pelos representantes do estado, assim como na Alemanha a libertação de Auschvitz e de outros campos de concentração é oficialmente lembrada. Mas infelizmente aqui só comemoramos jogos de futebol e feitos heróicos. Lembrou-se contudo o blogue http://ruadajudiaria.com/ que nos convida a estar presentes no dia 19 de Abril no Rossio e acender uma vela em memória da vítimas. EU VOU!

terça-feira, abril 11, 2006

Pagar para ler : Bookbusters ou Bibliotecas?


Não Fechem As Portas Orgulhosas Bibliotecas!
Walt Whitman, poeta.

Fechar não fecho, mas tens de pagar o bilhete!
Orgulhoso Bibliotecário

Fonte: http://www.nopago.org/

In: Shut Not Your Doors Proud Libraries!

Empréstimo pago nas bibliotecas?

Ilustração: Roland Topor

«No Reino Unido, onde se paga a taxa pelo empréstimo de livros nas bibliotecas desde 1993, a redução de empréstimos foi considerável: de 563 milhões de empréstimos em 1993, passou-se a 406 milhões em 2003; o mesmo é dizer que em dez anos de aplicação da taxa, o Reino Unido reduziu os seus empréstimos em 157 milhões» Fonte II Jornadas Contra el Préstamo de Pago.

O que significará a adopção desta medida por Portugal?

A IFLA (Internatinal Federation of Library Association) considera que «a tendência actual de inclusão de novos âmbitos do Direito de Autor e de supressão das tradicionais restrições e excepções ao Direito de Autor exercerá uma profunda influência negativa na educação e investigação e no fruto das mesmas. O mesmo é dizer uma influência negativa sobre o progresso económico, científico e cultural das pessoas, das nações e da sociedade o qual se repercutirá sobretudo na economia dos países em vias de desenvolvimento». Fonte: La posición de la IFLA frente al derecho de préstamo al público.

segunda-feira, abril 10, 2006

Sol lucet omnibus = O sol quando nasce é para todos

A equipa da biblioteca depois de comunicar aos leitores de Chelas, Olivais Norte e Marvila que o empréstimo é pago! Resta-nos, pois, fazer o relatório em três exemplares.

sexta-feira, abril 07, 2006

Empréstimo pago nas bibliotecas


Como se sabe a Directiva Comunitária 92/100/CE, que felizmente ainda não foi transposta para a lei portuguesa, impõe o empréstimo pago nas bibliotecas.
Na minha opinião. Pagar para levar livros da biblioteca é o mesmo que dizer ao estudante. Não tem dinheiro, então não estuda! Ou estuda menos. É o mesmo que dizer ao investigador com poucos recursos. Não tem meios económicos, então não investiga! Ou aos leitores das bibliotecas públicas. Não tem dinheiro, não lê! Lamento mas não tem acesso à cultura. É, parece-me, profundamente injusto e um regresso ao modelo económico ultra liberal em que os mais desfavorecidos não tinham direitos.
E pode ser também, na perspectiva daqueles cujo negócio passa pela comércio da propriedade intelectual, a “matança” da galinha dos ovos de ouro, uma vez que cortando as hipóteses de leitura aos mais desfavorecidos de hoje, cortam também os seus potenciais hábitos de leitura futuros. Não é difícil imaginar que em bibliotecas como a Bedeteca (Olivais), onde a grande percentagem de leitores são adolescentes dos bairros sociais de Chelas, Marvila e Olivais, quando lhes for cobrado o empréstimo desaparecem. Deixam de ler. Ou, hipótese mais optimista na perspectiva da leitura, assaltam a biblioteca!
Mas se querem saber mais, não deixem de ir ao «Seminário Direito de Autor» referenciado no post abaixo.

Seminário: Direito de Autor – Comemorações do Dia Mundial do Livro nas Bibliotecas LX


Como se sabe, a missão e os objectivos das Bibliotecas encontram-se, historicamente, em situação de “fronteira” com os direitos e interesses juridicamente protegidos pelo Direito de Autor e Direitos conexos. Assim, enquanto as primeiras procuram oferecer o acesso livre e universal à cultura, à ciência e à informação, o Direito de Autor e Direitos conexos procuram salvaguardar e satisfazer a remuneração dos autores, artistas e editores, pelas diversas utilizações da obra protegida.

Os valores e interesses que se “confrontam” são, assim, o livre acesso à informação e a restrição do acesso, em função dos direitos e interesses juridicamente protegidos dos autores, artistas e editores.

Num mundo cada vez mais dominado pela Internet (em que o Direito de Autor vai respondendo com uma tutela cada vez mais supranacional), onde os poderosos lobbies que defendem a propriedade intelectual se unem para combater a crescente e cada vez mais fácil cópia ilícita de obras protegidas e em que ambos os contendores apresentam armas muito fortes para vencer, serão as Bibliotecas (instituições milenares) a primeira vítima ou dano colateral desta “guerra”? Esperamos que não e esperamos, também, que este Seminário ajude a esclarecer algumas questões muito importantes neste domínio.

Sejam todos muito bem vindos,

CONVITE

Temos o prazer de o/a convidar a estar presente no Seminário Direito de Autor, por ocasião das Comemorações do Dia Mundial do Livro e do direito de autor, que tem lugar no próximo dia 20 de Abril, pelas 9h30m, no Auditório da Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro.

Aguardamos a sua presença para debate de um tema tão actual e solicitamos a confirmação respectiva 18 de Abril.
Programa:
09h30 – Recepção aos participantes
10h00 – Sessão de Abertura
Com a presença do Vereador do Pelouro da Cultura da CML – Dr. José Amaral Lopes

10h15 – Direito de Autor em Portugal
Nuno Gonçalves – Gabinete dos Direitos de Autor
Helena Patrício – Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas
Moderador Cláudia Trabuco – Faculdade de Direito de Lisboa

11h15 – Pausa

11h45 – Direito de Autor nas Bibliotecas Públicas
Manuela Barreto Nunes – Universidade Portucalense
João Laborinho Lúcio – Sociedade Portuguesa de Autores
Moderador Paulo Leitão – Biblioteca Nacional

12h45 – Conclusões
Adalberto Barreto – Departamento de Bibliotecas e Arquivos da CML

13h00 – Sessão de Encerramento
Dr. Rui M. Pereira - Director Municipal de Cultura da CML

Exposição sobre a História das Bibliotecas Municipais de Lisboa : a não perder

A partir do dia 20 de Abril, na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, poderemos visitar uma exposição sobre a História das Bibliotecas Municipais de Lisboa.

segunda-feira, abril 03, 2006

A banda desenhada nas bibliotecas espanholas

O excelente portal espanhol para bibliotecas e bibliotecários www.absysnet.com faz cinco anos e abriu hoje com um especial sobre banda desenhada para consumo nas bibliotecas públicas espanholas «El panorama de la publicación de cómics en España: líneas y tendências», que conta também com um artigo sobre a «Banda desenhada portuguesa» (que se está a afirmar cada vez mais no mercado editorial espanhol) da minha autoria e do Marcos Farrajota. Graças ao trabalho e ao empenho do Jésus Castillo Vidal, este especial (mensal) sobre BD existe desde Abril de 2005 (tem precisamente um ano) e está para durar.

Artigos disponíveis em Abril:

o El cómic américano. Mainstream - 3-Abril-2006
o El cómic independiente americano - 3-Abril-2006
o Los clásicos de la prensa estadounidense - 3-Abril-2006
o El manga - 3-Abril-2006
o Europa. O como empezar a conocer, y posteriormente a amar, al cómic europeo desde una biblioteca - 3-Abril-2006
o Hablemos de lo nuestro: cómic español en España - 3-Abril-2006
o A banda desenhada portuguesa: um universo paralelo - 3-Abril-2006
o La integración de la información relativa a la línea en el catálogo - 3-Abril-2006

sábado, abril 01, 2006

O livro é para devolver até sábado à tarde, OUVISTE BEM CHAVALO?....

Fight club nas bibliotecas


Tal como as escolas secundárias nos bairros urbanos mais problemáticos enfrentam graves problemas de violência e delinquência juvenil, algumas bibliotecas públicas (especialmente as que se localizam nesses mesmos bairros) enfrentam problemas idênticos. Nos grandes centros urbanos de Portugal (Lisboa e Porto) é vulgar que algumas bibliotecas sejam frequentadas por gangs de adolescentes prontos a vandalizar estes autênticos “bonbons” culturais recheados de videojogos, acesso à internet e outras maravilhas e se os intrépidos bibliotecários se arriscarem a enfrentá-los é normal que juntamente com um simpático insulto aos antepassados femininos encontrem à saída o carrinho (cujas prestações ainda não estão todas pagas) vandalizado. É certo que a gravidade da situação ainda não atingiu as dimensões que o problema tem nas escolas, mas que os bibliotecários têm medo de ser colocados em certas bibliotecas, tal como os romanos tinham medo em ser destacados para os campos que cercavam a famosa aldeia gaulesa, ah isso têm! Quanto a mim se os meus superiores um dia resolverem me colocar numa biblioteca como a de Chelas (zona j) onde até mesas e cadeiras voam, peço formação militar (em vez de formação documental) e um corpo de elite dos fuzileiros para trabalhar comigo (em vez de técnicos adjuntos de biblioteca)... Parece que hoje acordei um pouco reaccionário! Pouco dado a teorias regenarativas e resocializantes.

Por falar em fight clube (a ideia foi roubada ao PGS): visitem o blogue http://epicurtasvanarquista.blogspot.com/
Um combate ideologicamente mortal entre o Super Homem (Epicurtas) e o Batman (Anarquista). Ótpimo para descarregar a adrenalina acumulada.