segunda-feira, maio 29, 2006
Diz-se alternativo tanto o material representante de uma cultura alternativa a um modelo “imposto”, mas também toda a produção cultural que fica fora do circuito comercial das grandes editoras e distribuidoras. Este tipo de material, de documentação, de fanzines é raro encontrar nas bibliotecas públicas portuguesas. Na verdade é raro encontrar algo mais do que o universo mainstream editorial dos livros, discos e cinema. Assim, para combater esta letargia, venho sugerir a aquisição de um novo fanzine para colocar em destaque nas estantes das nossas bibliotecas públicas. «Néscio : revista portuguesa de idâias» editado pelo José Feitor da Imprensa Canalha. Ideal para as minorias que não gostam de futebol e que se estão nas tintas para o facto de serem portugueses, espanhóis, ucranianos, chineses ou marcianos. Assim, para quem já não suporta esta inconstitucional invasão nacionalista por causa da selecção de futebol. Para quem está farto de aturar tanta bandeira portuguesa. Para quem entrar num café, num supermercado representa um autêntico suplício imposto pelo novo modelo de consumismo nacionalista (ele é jogadores de futebol na cerveja, no esparguete, nas salcichas…) pode voltar a respirar ar fresco ou a beber uma água gelada. Para mim que sou asmático ler este fanzine foi uma bombada de Ventilan que tomei a meio de uma crise. Muito Obrigado ó Canalha!
sexta-feira, maio 26, 2006
quarta-feira, maio 24, 2006
Bibliotecas com mais entradas do que os estádios dos dois maiores clubes de Lisboa
Não é meu hábito repetir posts, mas parece-me estranho ninguém comentar uma notícia destas quando eu próprio fiquei chocado com os números. Ao ler o relatório estatístico das Bibliotecas de Lisboa (BLX) no ano de 2005 foi com bastante agrado que verifiquei que foram visitadas por 760.933 pessoas. Ou seja uma média quinzenal de 31.708 pessoas. Superior à media de assistência de jogos de futebol do Sporting (23.050) e do Benfica (26.697). O agrado ainda aumentou quando verifiquei que dessas bibliotecas apenas uma (a Biblioteca Orlando Ribeiro) se pode caracterizar como um equipamento moderno. Uma biblioteca da nova geração. Ou seja mesmo com um investimento mínimo as bibliotecas de Lisboa superaram em entradas os novos estádios de futebol em Lisboa que beneficiaram de um investimento máximo há pouco tempo.
segunda-feira, maio 22, 2006
O modelo português da teoria do custo de oportunidade
Esta nova curva das possibilidades de produção foi desenvolvida pelos ilustres autarcas portugueses e pode-se resumir deste modo: «para produzirmos mais estádios de futebol temos de produzir menos bibliotecas».
Ao ler o relatório das estatísticas das Bibliotecas de Lisboa (BLX) no ano de 2005 foi com bastante agrado que verifiquei que foram visitadas por 760.933 pessoas. Ou seja uma média quinzenal de 31.708 pessoas. Superior à media de assistência de jogos de futebol do Sporting (23.050) e do Benfica (26.697). O agrado ainda aumentou quando verifiquei que dessas bibliotecas apenas uma (a Biblioteca Orlando Ribeiro) se pode caracterizar como um equipamento moderno. Uma biblioteca da nova geração. Ou seja mesmo com um investimento mínimo as bibliotecas de Lisboa superaram em entradas os novos estádios de futebol em Lisboa que beneficiaram de um investimento máximo.
É também com bastante agrado que li no Público de sábado que a nova Biblioteca de Ílhavo recebeu um prémio internacional pela sua arquitectura e design inovadores. Assim, no meu entender o sucesso popular é perfeitamente conciliável com a vanguarda artística estética. Por outro lado, é de lembrar que neste distrito foi edificada em 2003 uma das obras mais disparatadas e megalómanas dos últimos anos. O Estádio Municipal de Aveiro. Um mega estádio com capacidade para 40.000 pessoas mas que acolhe uma média de 2655 espectadores quinzenalmente. É óbvio que a Biblioteca Municipal de Aveiro mais a Biblioteca Municipal de Ílhavo vão dar um “bailinho” em termos de assistência ao estádio de futebol local. Mais uma vez o investimento mínimo irá superar o “mega-disparatado” investimento, mas infelizmente os nossos autarcas não pensam da mesma maneira.
Como dizia o chanceler alemão do bigodinho na sua famosa teoria económica: «se quisermos produzir mais canhões temos de reduzir a produção de manteiga. Os canhões tornam-nos fortes e a manteiga engorda». Os autarcas portugueses pensam de forma idêntica: «Se quisermos produzir mais estádios de futebol temos de produzir menos bibliotecas. Os estádios tornam-nos fortes e machos e as bibliotecas moles, gordos e maricas».
Ao ler o relatório das estatísticas das Bibliotecas de Lisboa (BLX) no ano de 2005 foi com bastante agrado que verifiquei que foram visitadas por 760.933 pessoas. Ou seja uma média quinzenal de 31.708 pessoas. Superior à media de assistência de jogos de futebol do Sporting (23.050) e do Benfica (26.697). O agrado ainda aumentou quando verifiquei que dessas bibliotecas apenas uma (a Biblioteca Orlando Ribeiro) se pode caracterizar como um equipamento moderno. Uma biblioteca da nova geração. Ou seja mesmo com um investimento mínimo as bibliotecas de Lisboa superaram em entradas os novos estádios de futebol em Lisboa que beneficiaram de um investimento máximo.
É também com bastante agrado que li no Público de sábado que a nova Biblioteca de Ílhavo recebeu um prémio internacional pela sua arquitectura e design inovadores. Assim, no meu entender o sucesso popular é perfeitamente conciliável com a vanguarda artística estética. Por outro lado, é de lembrar que neste distrito foi edificada em 2003 uma das obras mais disparatadas e megalómanas dos últimos anos. O Estádio Municipal de Aveiro. Um mega estádio com capacidade para 40.000 pessoas mas que acolhe uma média de 2655 espectadores quinzenalmente. É óbvio que a Biblioteca Municipal de Aveiro mais a Biblioteca Municipal de Ílhavo vão dar um “bailinho” em termos de assistência ao estádio de futebol local. Mais uma vez o investimento mínimo irá superar o “mega-disparatado” investimento, mas infelizmente os nossos autarcas não pensam da mesma maneira.
Como dizia o chanceler alemão do bigodinho na sua famosa teoria económica: «se quisermos produzir mais canhões temos de reduzir a produção de manteiga. Os canhões tornam-nos fortes e a manteiga engorda». Os autarcas portugueses pensam de forma idêntica: «Se quisermos produzir mais estádios de futebol temos de produzir menos bibliotecas. Os estádios tornam-nos fortes e machos e as bibliotecas moles, gordos e maricas».
Na minha opinião: das duas uma ou estamos perante mais uma forma de vil manipulação por parte dos mass media (Chomsky, 2003) que nos querem obrigar a adorar o futebol (só falam de futebol, só passam futebol, quem não gostar de futebol é deficiente) aproveitando em simultâneo para esconder informação vital (eventualmente sobre extraterrestres) disponível nas bibliotecas públicas... ou então andamos todos a dormir!
P.s.: Há dias vi um programa de história na televisão em que o apresentador se queixava que os museus estavam vazios e os estádios de futebol cheios. Com os museus até pode ser que isso aconteça, mas com as bibliotecas verifica-se precisamente o contrário e ninguém diz nada. Pelo que resolvi escrever. Boa noite e até amanhã!
sexta-feira, maio 19, 2006
Bibliotecas encerradas num país encantador da Ásia Central
O Turquemenistão ainda fica um bocado longe da minha terra, de qualquer maneira chateia-me saber que o seu iluminado presidente vitalício Saparmurat Niazov em Fevereiro deste ano mandou encerrar TODAS as bibliotecas públicas, bem como clubes de Internet no seu maravilhoso país. Parece, segundo o Observatório para os Direitos Humanos, que o simpático ditador tornou esta antiga república socialista soviética num dos mais fechados e repressivos países do mundo actual. As suas relações com os EUA são contudo cordiais. Existe exploração de petróleo no mar Cáspio e algumas empresas americanas como a Mobil e a Oil Capital Inc. andam por lá. Não pertencem ao Eixo do Mal, sorte a dele!
quarta-feira, maio 17, 2006
A mais bela bandeira do mundo
Para quem não sabe é a bandeira anarquista. Uma bandeira para acabar com todas as bandeiras. Em época de crise de valores humanistas. Em época de paranóias neo-nacionalistas por causa de um miserável campeonato de futebol. O bibliotecário anarquista vem propor uma bandeira alternativa. E, sem qualquer espécie de apoio bancário ou televisivo, aproveita para lançar o projecto “a mais bela bandeira humana do mundo” convidando desde já todos os sem abrigo, imigrantes ilegais, ciganos apátridas, clandestinos, artistas sem fronteiras, bibliotecárias com óculos de garrafão, desempregados, sem papeis, e o próprio Corto Maltese para esta iniciativa de repúdio às selecções de futebol, ao campeonato e sobretudo aos dirigentes do futebol (misteriosamente enriquecidos) e políticos amiguinhos – comparecendo no dia 20 de Maio no “Estádio” café ao Bairro Alto, Lisboa. Para não afugentar potenciais camaradas NÃO ESTARÃO PRESENTES os horríveis “The Gift”, Kátia Guerreiro, Mafalda Arnaut, Sara Tavares e Dulce Pontes.
Hoje somos um, amanhã seremos um bilião!
Este manifesto não tem nada a ver com bibliotecas, mas se alguém quiser pode catalogá-lo.
Hoje somos um, amanhã seremos um bilião!
Este manifesto não tem nada a ver com bibliotecas, mas se alguém quiser pode catalogá-lo.
sexta-feira, maio 12, 2006
terça-feira, maio 09, 2006
BD para salvar a malta da iliteracia
Com os sem contadores, com ou sem links a cibervida continua! Desta vez para vos contar que diversos professores norte americanos se viraram para a banda desenhada como forma de salvar a rapaziada da iliteracia. Vejam mais no Daily Press ponto come.
sexta-feira, maio 05, 2006
Argh!
Com mil milhões de pés descalços!... Vadios!... Sátrapas!... Flébotomos!... Canalhas!... Oficlídios!... Espécimes de diplodocos!... Vampiros!... Catacreses!... Apaches!... Não é que perdi a porra do contador e os links!... Vê-se logo que sou um bibliotecário português altamente qualificado. Se fosse irlandês ou finlandês aposto que isto não acontecia.
Batoteiros!... Visigodos!... Ectoplasmas!... Bexigosos!... Baki Buzuks!...
quarta-feira, maio 03, 2006
História da mangá censurada numa biblioteca pública
Em 2004 foi publicado o livro «Manga : 60 years of japanese comics» da autoria de Paul Gravett, um especialista em banda desenhada notável que tive a honra de conhecer em Angoulême no longínquo ano de 2000. O livro foi posteriormente aclamado pela crítica. Há algumas semanas atrás Bill Postmus o First District Supervisor (não sei que espécie de cargo será este) da cidade de Victorville (EUA) resolveu retirar este livro das estantes da biblioteca pública local porque continha imagens com conteúdo sexual explícito… susceptíveis de traumatizar os leitores, especialmente as crianças.
Crítica:
Parece-me em primeiro lugar que esta censura é muito tímida. Muito limitada. O senhor Bill Postmus é notoriamente pouco audaz. Existem nas bibliotecas, como é sabido, muito mais coisas para censurar do que um simples livrinho sobre a história da mangá. A censura deste livro é manifestamente pouco, meu caro supervisor! Se passear com atenção pela biblioteca poderá facilmente encontrar mais livros para levar para casa… desculpe! Para censurar. Se permanecer nas estantes da banda desenhada, veja com atenção os seguintes autores: Milo Manara, Serpieri, Guido Crepax, Pichard, Wolinsky, Miguelanxo Prado, Loisiel, Max Cabanes, Horácio Altuna, etc. São uma autêntica trupe de tarados! Tem, pois, por aqui muita coisa para retirar da vista dos pobres leitores inconscientes. Contudo se subir as escadarias em direcção à secção de audiovisuais também tem muito material indigno de figurar nas nobres estantes da biblioteca, designadamente filmes como «O império dos sentidos», «A orquídea selvagem», «Nove semanas e meia», ou «O último tango em Paris». Mas, excelentíssimo supervisor, como o seu douto critério é infinitamente amplo e bastam seguramente alguns segundos de sexo para retirar legitimamente o documento da vista dos pobres e fracos utilizadores, tem certamente 60% por cento da videoteca à sua disposição. Antes de saír, não se esqueça de varrer a pente fino a secção de literatura onde pululam obras escritas por verdadeiros dementes psicóticos (e.g.: Camões, James Joyce, D.H. Lawrence, Anaïs Nym, Georges Bataille, Henry Miller e tantos outros) que ousaram descrever através da escrita a ímpia união libidinosa de corpos ou os desejos carnais mais impróprios. Por último não se esqueça de ter uma especial atenção na secção de referência, retirando das estantes todos os dicionários e enciclopédias que contenham entradas para a palavra sexo ou às suas múltiplas variantes e composições. Muito obrigado! Os contribuintes agradecem e os leitores (boas almas mas fracos de espírito) também, mas tem de ser mais incisivo.
P.s: Não se esqueça da estante das Ciências da Natureza. É que para além de teimarem com teorias evolucionistas das espécies, ainda têm o desplante de dedicar capítulos inteiros (senão mesmo obras completas) ao acasalamento. Coragem Bill! Acabe com esta pouca vergonha!
Crítica:
Parece-me em primeiro lugar que esta censura é muito tímida. Muito limitada. O senhor Bill Postmus é notoriamente pouco audaz. Existem nas bibliotecas, como é sabido, muito mais coisas para censurar do que um simples livrinho sobre a história da mangá. A censura deste livro é manifestamente pouco, meu caro supervisor! Se passear com atenção pela biblioteca poderá facilmente encontrar mais livros para levar para casa… desculpe! Para censurar. Se permanecer nas estantes da banda desenhada, veja com atenção os seguintes autores: Milo Manara, Serpieri, Guido Crepax, Pichard, Wolinsky, Miguelanxo Prado, Loisiel, Max Cabanes, Horácio Altuna, etc. São uma autêntica trupe de tarados! Tem, pois, por aqui muita coisa para retirar da vista dos pobres leitores inconscientes. Contudo se subir as escadarias em direcção à secção de audiovisuais também tem muito material indigno de figurar nas nobres estantes da biblioteca, designadamente filmes como «O império dos sentidos», «A orquídea selvagem», «Nove semanas e meia», ou «O último tango em Paris». Mas, excelentíssimo supervisor, como o seu douto critério é infinitamente amplo e bastam seguramente alguns segundos de sexo para retirar legitimamente o documento da vista dos pobres e fracos utilizadores, tem certamente 60% por cento da videoteca à sua disposição. Antes de saír, não se esqueça de varrer a pente fino a secção de literatura onde pululam obras escritas por verdadeiros dementes psicóticos (e.g.: Camões, James Joyce, D.H. Lawrence, Anaïs Nym, Georges Bataille, Henry Miller e tantos outros) que ousaram descrever através da escrita a ímpia união libidinosa de corpos ou os desejos carnais mais impróprios. Por último não se esqueça de ter uma especial atenção na secção de referência, retirando das estantes todos os dicionários e enciclopédias que contenham entradas para a palavra sexo ou às suas múltiplas variantes e composições. Muito obrigado! Os contribuintes agradecem e os leitores (boas almas mas fracos de espírito) também, mas tem de ser mais incisivo.
P.s: Não se esqueça da estante das Ciências da Natureza. É que para além de teimarem com teorias evolucionistas das espécies, ainda têm o desplante de dedicar capítulos inteiros (senão mesmo obras completas) ao acasalamento. Coragem Bill! Acabe com esta pouca vergonha!