sábado, abril 19, 2008

Sala de lazer – adultos

Pensei inicialmente em sugeri-lo para um clube de leitura teen mas, após a leitura, arrepiei caminho. É melhor deixá-lo sossegado junto à restante banda desenhada, na sala de lazer dos adultos. Em traços muito gerais trata-se de uma interessante história ao género policial em que famoso Cavaleiro das Trevas veste o papel de detective na investigação da morte de uma rapariga e no seu decurso vai revivendo repetidamente o grande trauma de infância – a morte dos seus pais.

P.s.: Gostei de Gotham City desenhada pelo Eduardo Risso, de qualquer forma ainda me falta encontrar um desenhador que me leve até à Gotham City Public Library.

AZZARELLO ; RISSO – Batman: cidade destroçada. Senhora da Hora: Devir, 2005. ISBN: 989-559-115

sexta-feira, abril 18, 2008

A Casa da BD

Colegas bibliotecários! Bibliotecas Públicas Cool! Colegas desesperados com o desinteresse pela leitura entre os adolescentes da vossa comunidade. Indigentes em geral!... Os vossos problemas com a AQUISIÇÃO DE MANGÁ EM PORTUGUÊS terminaram. A partir de agora existe uma lojinha muito especial, no Mercado de Santa Clara (junto ao Panteão Nacional) em plena Feira da Ladra que vende edições brasileiras de banda desenhada e de mangá. Mandem um mail ao Wagner Dias e peçam para fazer uma listagem cheia de “Narutos, Bleachs e Full Metal Alchimists”. O sucesso com a leitura vai ser de tal maneira demolidor que até o Presidente da Câmara vai ficar de boca aberta... e as vossas promoções serão, obviamente, imediatas.

Mais informo que a loja abre apenas às terças e aos sábados das 9h – 17h e que o contacto é o 964 309 617.

Se tiverem dúvidas do género “Hum?... Mangá?... Leitura?... Adolescentes?... Não me credito! Naaaaaa…” perguntem aos colegas estrangeiros que vêm à Conferências do III Encontro Oeiras a Ler, dedicado à promoção da leitura para os públicos jovens e vão ver a paulada que levam.

Abraço,

domingo, abril 13, 2008

A Comunidade de Leitores da Bedeteca

Ilustração de Jillian Tamaki

Está prestes a nascer a PRIMEIRA COMUNIDADE DE LEITORES DE BANDA DESENHADA EM PORTUGAL e… numa biblioteca pública. Independentemente das diferenças de opinião sobre as Comunidades de Leitores em Bibliotecas Públicas proponho “Um Brinde” à Bedeteca, à comunidade de leitores, ao Pedro Moura (dinamizador) e a Sara Figueiredo Costa. CHEERS!

Breaking News

Nas Bibliotecas Municipais de Lisboa, aproximam-se as comemorações referentes ao "Mês da Profissão" e pediram-me para seleccionar, no âmbito da “Expo Profissão”, “dois livros” e “uma frase” que me tivessem marcado profissionalmente.
Depois de me ter esquecido mais de 7.365 vezes deste terrível compromisso, lá consegui fazer a selecção, tendo escolhido os seguintes livros:
TURNER, James – Rex Libris: I librarian. SLG, 2007. ISBN: 978-1593620622. Uma banda desenhada que nos conta as aventuras de um super herói bibliotecário.

BATTLES, Matthew – Library: un unquiet History. W.W. Norton, 2004. ISBN: 978-0393325645. Uma espécie de livro negro da História das Bibliotecas, protagonizada por Guerreiros Hititas, Romanos, Vândalos, Hunos, Vikings, Cruzados Cristãos, Muçulmanos, Nazis, Super Dragões e outros fundamentalistas bárbaros que não tinham grande consideração pela placa na Biblioteca que indicava «SILÊNCIO».
E, por fim, a frase que elegi como a mais marcante da minha vida profissional foi: «POR FAVOR, DEVOLVAM-ME OS LIVROS!».
Adeus, e boa sorte para o mês da profissão.

Breaking News


Depois dos “Versículos Satânicos”, o “Evangelho segundo Jesus Cristo” e “Eu Carolina”, um novo tsunami editorial prepara-se para abalar as estruturas basilares da sociedade contemporânea. Referimo-nos às “REGRAS DE CATALOGAÇÃO: DESCRIÇÃO E ACESSO DE RECURSOS BIBLIOGRÁFICOS NAS BIBLIOTECAS DE LÍNGUA PORTUGUESA”, que já provocou múltiplos incidentes um pouco por todo mundo. Em Karashi um grupo de bibliotecários fundamentalistas acabou de lançar uma fatwa aos responsáveis por este livro demoníaco. Em Lhassa dois monges tibetanos, que nutrem uma paixão comum por “Pontos de Acesso Autor”, encontram-se em greve de fome. No Vaticano o Santo Padre prepara-se para excomungar os responsáveis por este atentado aos valores tradicionais da catalogação. Em Jerusalém três rabinos sefarditas, responsáveis pelo tratamento técnico na secção de periódicos na Grande Biblioteca da Sinagoga, encontram-se há mais de 48h junto ao muro das lamentações e em Pushkar o Supremo Guru S. R. Ranganathan (grão mestre de Yôga e da arte da classificação) acabou de se emular pelo fogo.
Entretanto a Polícia de Segurança Pública já assegurou que tanto o "Corpo de Intervenção" como "A Brigada Anti-Motins" estarão presentes 4ª feira dia 16 de Abril na Biblioteca Orlando Ribeiro, para o lançamento oficial do livro.

segunda-feira, abril 07, 2008

Biblioteca Municipal de O Porriño (Galiza), 29-03-2008

Ilustração de Jillian Tamaki
Cidália Rivas é uma avó visivelmente incomodada. Aproxima-se do balcão de empréstimos com um livro na mão e pergunta ao técnico:
- «Acabei de retirar este libro “O compañeiro do pai” da estante dos nenos. Veixa só estes dibuxos! Dois homes na cama. Os nenos mais pequenos non deviam ver estas cousas. Como é que podo ensinar os valores morais cristáns ao meu netiño Kike com este tipo de bromas na biblioteca? Pensava que a biblioteca era uma casa ideal para as famílias?»
Ao que Dário Rubin, o técnico de biblioteca, respondeu…
- «Temos libros como “O compañeiro do pai” porque moitos profesores e pais preocupados o recomendarón. E temos mais libros sobre este tópico para as crianças. Todavia tamén temos montóns de libros que mostrán às crianças os valores tradicionais da família. Se quiser podemolos ver?»
- «E o que acontece aos nenos que vêm estes libros merdeiros? Ban a quedar-se desordenados. Este libro diz que a homossexualidad é cousa normal», retorquiu Cidalia.
- «A nossa biblioteca tem miles de usuários e temos de ter uma selección de materiales que cubram todas as necessidades e gustos de toda a xente. Existén pessoas que precisam destes libros. Se, por exemplo, um profesor tem en su clase un neno que vive en casa com dous pais ou duas nais ele pode utilizar este libro para responder aos distintos problemas. A Biblioteca non tem huma respuesta para o que é certo e o que é errado. Temos solo de ter materiais que cubrán ós gustos e as necessidades de todos, incluindo ós grupos minoritários».
- «Pues a mim non me parece que devam ter este tipo de libros. Asi as crianças nunca han de poder distinguir o certo do errado».
- «Bueno! Possiblemente podo axudá-la de moitos modos. Se quixer podo chamar o responsáble pola biblioteca (Señor Miguelanxo) para falar mellor com a senhora sobre a nossa politica de selección de materiales. Se quixer podo tamém axudá-la a buscar otros libros mais adequados a sus gustos».
- «Pero eu non quero nada». Disse Cidalia visivelmente cansada. «Por hoxe me voy»!...

domingo, abril 06, 2008

Clube de leitura “fuck the poor”!


"Comunidade de Leitores": ilustração do José Carlos Fernandes

A «Time Out» de Abril tem na página 37 um artigo dedicado às Comunidades de Leitores e em especial à Comunidade de Leitores da Livraria Almedina. Para além do blá, blá, blá do costume sobre o livro e a leitura escreve às tantas que “o perfil das pessoas é muito diversificado. ESQUEÇAM OS REFORMADOS, AS DONAS DE CADSA, OS DESOCUPADOS, O CLICHÉ DO GRUPO FEMININO TUPPERWARE. Esta comunidade não é assim. Com vinte fiéis desde o início tem estudantes universitários, médicos, advogados e bancários”.

É normal que as livrarias tenham este público-alvo (estudantes universitários, médicos, advogados e bancários) nas suas comunidades de leitores? Sim, porque a sua missão é vender livros. E quem compra livros são as pessoas que lêem e, sobretudo, as pessoas que têm dinheiro.

E as bibliotecas públicas? Devem também esquecer os reformados, as donas de casa, os desocupados e o grupo feminino do tupperware? NÃO! Devem concentrar-se precisamente nestas pessoas. E porquê? Porque promover a leitura é “pôr a ler” as pessoas que não têm hábitos de leitura. Se não for assim, se os clubes de leitura das bibliotecas forem como os da Almedina, com professores e estudantes universitários, advogados, médicos e intelectuais, então não estamos a promover a leitura (não se promove a leitura em quem já lê… é estúpido e culturalmente fascista) mas a PROMOVER O AUMENTO DO FOSSO ENTRE OS QUE TÊM ACESSO AOS BENS CULTURAIS E INFORMATIVOS E OS QUE NÃO TÊM.

Parece-me que hoje acordei particularmente constipado…
Abraço fraternal do vosso Bibliotecário Robin dos Bosques

sábado, abril 05, 2008

Pena não haver em português

Nove autores (Mattotti, Place, Gipi, Jouvray, Pedrosa, Kokor, Bruno, F. Peeters e Alfred) ilustram os seus testemunhos sobre a imigração e sobre a situação dos clandestinos. Errância em África, prostituição, escravatura, sobrevivência sem papéis, brutalidade policial, burocracia demencial…

Paroles sans papiers. Paris: Delcourt, 2007. ISBN: 978-2-7560-1085-4

Pensamento do dia

Ilustração de Taeeun Yoo

Quando digo às pessoas que a minha profissão é “Bibliotecário” pensam imediatamente que passo os meus dias SENTADO A LER. “I wish!...”

Um abraço final ao Beco das Imagens onde exerço regularmente a actividade de carteirista de obras protegidas.