terça-feira, dezembro 30, 2008

Change. Yes we can!

Ilustração de Filipe Abranches

Extra! Extra!... As Bibliotecas Públicas de Washington, anularam a proibição de dormir na biblioteca, assim como a proibição de entrada de pessoas com muitos sacos de plástico de forma a MELHORAR O ACOLHIMENTO AOS “SEM ABRIGO”.

Prémio anarquista “library services for poor people” 2009. GOD BLESS (THE NOT SO STUPID!) AMERICA.

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Parem de citar o Borges, por favor!




segunda-feira, dezembro 15, 2008

Breaking news


Ilustração de Kabiansky

Depois do colapso dos mercados financeiros, da crise petrolífera, do aquecimento global e da última novela da TVI, temos aí a mãe de todas as catástrofes. O CRASH DAS PESQUISAS DE INFORMAÇÃO EM BIBLIOTECAS. A tragédia, mais uma vez, tem origem nos EUA, pois segundo dados estatísticos fornecidos pela “Association of Research Libraries” o número de perguntas de referência efectuadas nos balcões das bibliotecas norte-americanas tem caído drasticamente (de ano para ano) desde o início da década de 90.

- “ESTAMOS TECNICAMENTE FRITOS”, “É O FIM DO MUNDO!” assim como “AAAAAAARGH!” são as frases que mais se ouvem nas principais praças e mercados bibliotecários mundiais. E por culpa de quem? Seguramente por culpa do Google e dos demais motores de busca (Yahoo, Altavista, Sapo, SexQuest, etc…) que através de mecanismos de especulação de dados (crawlers) recuperam informação não indexada nem revista pelos pares gerando bastante ruído e, por seu turno, uma quebra de confiança generalizada nos mercados bibliotecários. É pois necessário que os governos, o banco mundial e o FMI injectem muitos milhões de forma a repor os níveis de confiança em todos os Balcões de Referência mundiais. A crise abalou seriamente as estruturas de armazenamento e recuperação da informação norte americanas, mas as bibliotecas inglesas, muito dependentes das suas congéneres norte americanas, estão também a sentir os efeitos deste (para muitos já designado) ARMAGEDDON BIBLIOTECÁRIO e, ao que parece, um grande Centro de Recursos em Conhecimento na Islândia encontra-se prestes a encerrar as suas portas.

domingo, dezembro 14, 2008

“O verdadeiro bibliotecário carbonário* sou eu!...”

Ilustração de Pepe Montserrat

...pensou para si João Silva, 3º ajudante na Biblioteca Municipal Central anexa à Escola Municipal n.º 1 na Rua da Inveja, naquela manhã solarenga de 5 de Maio de 1908.
- Os chefes Terenas e Almeida** não são más pessoas, mas andam por aí a pavonear-se com os republicanos, os intelectuais e os estudiosos que frequentam a Biblioteca Popular e nem reparam que o importante são os operários, as peixeiras, as varinas, os carvoeiros e mesmo as prostitutas, os devassos, os mendigos e sobretudo os filhos destes abandonados e ao Deus dará. Podíamos fazer mais. Podíamos fazer o que fazem as bibliotecas da América do Norte. Tenho lido notícias que não se limitam a abrir as portas e esperar que as pessoas entrem. Emprestam livros. Muitos livros. Organizam actividades de lazer e são muito frequentadas por crianças. Têm inclusivamente salas para os petizes que podem levar para casa os livros e aos sábados contam-lhes histórias e fazem teatros. Aposto que se continuarem assim vão ser uma nação império daqui a 50 anos e nós, portuguezes, continuaremos na chafurdar na bosta.
- São criaturas bem-intencionadas, os chefes, mas não entendem isto. Estão mais preocupados com as reuniões da Alta Venda***, com o hastear da bandeira republicana ou em proferir discursos inflamados, e não lhes incomoda o facto de em cem mil alfacinhas, apenas novecentas almas estarem inscritas no Livro Oficial das Bibliothecas.

* “Carbonária Portuguesa”, organização secreta de carácter político. Para muitos é vista como “o braço armado da Maçonaria” e presumivelmente responsável pelo regicídio de 1908.
**Feio Terenas (1850-1920) primeiro bibliotecário na Câmara Municipal de Lisboa e Luz Almeida conservador-ajudante.
*** Alta Venda, cúpula da estrutura orgânica “Carbonária Portuguesa”.

A CENTRALIZAÇÃO dos recursos em favor da DESCENTRALIZAÇÃO da oferta de serviços na Grinlândia

Ilustração de Pekka Vuori
Hoje, 13 de Dezembro de 2008, é um dia muito feliz para Gysli, uma vez que a central de compras da Rede Grinlandesa de Bibliotecas Públicas resolveu finalmente atribuir uma verba anual de 1000 Kronns (cerca de 12000 Euros) para a aquisição de Graphic Novells em língua inglesa, distribuindo a suculenta bd pelas 367 bibliotecas públicas das terras verdes. Com esta medida, aliada a um sistema exemplar de empréstimo inter-bibliotecas, já é possível a Gysli:

- Aceder às novidades internacionais de bd através das bibliotecas municipais;
- Ter à sua disposição, todos os anos cerca de 800 novidades, dos livros que mais gosta (graphic novells em língua inglesa – uma vez que não existem publicados na sua língua nativa: o simi)

Note-se que a política das bibliotecas públicas da Grinlândia dá prioridade aos livros publicados na língua mãe das comunidades (o simi e as diversas línguas dos imigrantes) contudo, as necessidades lúdicas das minorias que apreciam outros títulos, mas que não se justifica a sua aquisição a nível local (por não existirem leitores em número suficiente nas localidades) é tembém saciada através da compra centralizada a nível nacional e pelo impecável sistema nacional de empréstimo inter bibliotecas. Gysli, Hari, Heonïn, Jóhanna, Sigur, Lilja, Unnur, Bjork, Tummi, Pippin, Merry e mais cerca de duzentos e cinquenta amantes (pouco abonados) de graphic novells espalhados pelo arquipélago, podem agora levar para casa todas as novidades internacionais da bd que tanto apreciam.

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Clube de leitura teen

Muito agradável surpresa esta vida e obra de Luís Camões em bd. Fica-se com vontade de saber mais sobre este poeta cool. Frequentador da Corte, exímio cortejador das mais belas e ricas “garinas” do reino mas, também, grande frequentador (em simultâneo) dos prostíbulos e das putas mais “xunga”. Improvisador fabuloso, alguém dava o mote e o poeta oferecia de imediato versos para a humanidade. Um rap (“Camões Poeta Rap”) de improviso que seduzia logo toda gente. No meio de tanto “engate”, seduziu inadvertidamente uma gentil senhora que não devia, e acabou desterrado a cumprir o serviço militar em Ceuta, onde perdeu o olho numa malfadada explosão, resultante de uma escaramuça naval com os infiéis. Partiu posteriormente para Goa como soldado. Da Índia viajou para o extremo oriente. Esteve nas Molucas (Indonésia) e em Macau, onde arranjou um “tachito” administrativo de curta duração e uma asian beauty. A vida, mais um vez correu-lhe mal, e teve de voltar a Goa. No regresso naufragou perto da foz do rio Mekong (Vietname) num desastre em que apenas sobreviveram três homens, entre eles Camões no célebre episódio em que salva os manuscritos de “Os Lusíadas”. Regressa a Goa (de barco e a “penantes”) e acaba, por portas travessas, desterrado por dívidas em São Jorge da Mina (Golfo da Guiné). Consegue por fim voltar a Lisboa já na fase final da sua vida. Que vida!

Parabéns ao Jorge Miguel pela banda desenhada tão bem conseguida, tanto na arte como no argumento. Excelente trabalho.

JORGE MIGUEL – Camões: de vós não conhecido nem sonhado. Lisboa. Plátano Editora, 2008.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Serviço de aquisições – adolescentes rapazes




Duas “bêdês” sobre a aviação durante a segunda guerra. Algo que (estranhamente...) me fascinava, nos tempos de puto, sobretudo as pequenas revistas «Falcão» e «Guerra» vendidas nos quiosques de Lisboa em finais dos anos 70 e início de 80. Hoje ao ler estas histórias, os argumentos parecem invariavelmente medíocres, o que “deita por terra” os meus critérios de selecção documental durante a adolescência, isto para não falar no interessante “tema” dos meus atributos intelectuais de então.

De qualquer modo, os livros que proponho, apresentam uma edição cuidada. São ambos coloridos sendo um deles em formato graphic novell e o outro num tradicional álbum. O primeiro livro «Battler Britton» evoca as saudosas histórias do Major Alvega que foram publicadas em Portugal a partir dos anos 50/60 do séc. passado, sendo interessante lembrar que o “aportuguesamento” do personagem (“Major Alvega” em vez de “Battler Britton”) se deveu à nobre iniciativa do Estado Novo de “naturalizar” com a cidadania portuguesa certos e determinados heróis de banda desenhada estrangeiros. A história, da autoria de Garth Ennis (argumento) e Colin Wilson (desenhos), desenvolve-se no norte de África em 1942 onde os aviadores aliados têm de tentar travar a máquina de guerra alemã, assim como… ultrapassar as tradicionais rivalidades entre ingleses e americanos (how tipical!). Uma história com pouco estímulo intelectual, (let’s face it), mas que pode muito bem estimular o empréstimo domiciliário e, já agora… os hábitos de leitura nas nossas magníficas comunidades.

O segundo livro «O último voo» de Romain Hugault contém quatro pequenas histórias cruzadas de quatro aviadores (um japonês, um americano, um alemão e um francês) narradas de uma forma surpreendente por cada um dos protagonistas.

ENNIS, G. ; WILSON, C. – Battler Britton: Major Alvega. Lisboa: Vitamina BD, 2008.



HUGAULT, R. – O último voo. Lisboa: Vitamina BD, 2007.