domingo, fevereiro 17, 2008

Serviço de aquisições: secção de lazer – adultos


Um livro polémico (assim como o filme que faz a sua adaptação) tendo sido acusado designadamente de RACISTA e XENÓFOBO pela crítica (houve inclusivamente quem acusasse Frank Miller, o autor, de ser fascista e “neo con”) retratando os persas (actualmente seriam os iranianos) de forma bastante negativa (as tropas de elite parecem-se com os Orcs do Senhor dos Anéis) e os espartanos, representantes da civilização ocidental, de forma positiva e bela. Confesso que pessoalmente e pelo livro, nunca me aperceberia disso se não tivesse sido chamado à atenção… mas que este tipo de polémica vende livros, estimula o empréstimo domiciliário e dinamiza animados debates em comunidades de leitores é inegável.


De qualquer modo a BD agradou-me. Li como se estivesse a ler uma homérica aventura passada na antiguidade e nunca faria uma associação entre PERSAS = MUÇULMANOS (que estavam a anos luz de o serem) e GREGOS = CRISTÃOS/JUDEUS (que também não o eram). Ou seja nunca me ocorreria uma eventual metáfora ao “clash of civilizations” a partir desta banda desenhada.


“300” é [como já devem ter percebido] uma banda desenhada sobre «uma das suas acções mais importantes que se deu por ocasião da invasão da Grécia pelos persas, em 481 a.C. em que Leónidas I, rei e general de Esparta, defendendo o desfiladeiro das Termópilas com 7.000 homens (apenas 300 eram espartanos) consegue repelir os ataques iniciais dos Persas. Mas Xerxes, rei dos Persas, auxiliado por um pastor local (Efialtes) que o conduziu por um caminho que contornava o desfiladeiro, acaba por cercar o exército de Leónidas….


MILLER, Frank – 300. Lisboa: Norma, 2004. ISBN: 84-96415-99-6

Serviço de aquisições: secção de lazer – adultos

É um daqueles livros que não resisti à compra mas, com sinceridade, não gostei. O livro é uma biografia. Contudo, é uma biografia de uma distinta presencia do séc. XX condensada num colorido álbum de poucas páginas. Para além do mais os diálogos apresentam-se monótonos, forçados e a narrativa contém inúmeros saltos no tempo que obrigam o leitor a conhecer a vida do “el comandante”, a priori, para entender o livro, tornando assim paradoxalmente inútil a sua leitura. Trata-se, na minha opinião de um daqueles livros que ajudam a construir preconceitos ou falsas e opiniões de que a BD é inferior à literatura ou simples à prosa escrita. Não ajuda “à causa” e francamente devia, com o mesmo dinheiro, ter comprado o livro do Gipi ou do Dave Mckean, também editados pela Vitamina BD. Devem, porém, as Bibliotecas Públicas adquirir este livro? Penso que devem! As colecções das Bibliotecas Públicas têm de ser diversificadas, revestir um carácter enciclopédico e ser isentas de censura. Devem permitir o acesso a diferentes pontos de vista, correntes de opinião, níveis diversos de abordagem e… Manifesto da Unesco… bla, bla, bla…
WOSNIAK; M. CHARLES; J.F. CHARLES - Che Guevara: libertad. Lisboa: Vitamina BD, 2008. ISBN: 978-989-8062-15-4

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

A Rede de Leitura Pública na Sildávia

A Sildávia era uma pequena e esquizofrénica república que se situava nos confins orientais da Europa. Neste país, muito estranhamente, todas as bibliotecas públicas em zonas suburbanas, cidades médias, pequenas vilas e aldeias rurais estavam modernizadas, ao contrário do que sucedia com as bibliotecas de Klow, a cosmopolita capital, cujas bibliotecas eram pequenas, antiquadas e não serviam os interesses da população.
Com a excepção da capital, todas elas, cumpriam as normas internacionais para a construção, arquitectura, dimensão dos diferentes espaços (salas de leitura, salas de lazer, salas de computadores, secções infantis e de adolescentes), qualificações técnicas dos recursos humanos, estantaria, grandeza e diversidade das colecções e seu tratamento técnico… as quais se ilustram com os exemplos…

Da secção infanto juveil da Biblioteca Municipal de Szloti…


Do balcão de empréstimos da sala de atendimento geral da Biblioteca Municipal de Sczout…

Da sala de leitura da Biblioteca Municipal de Dbrnouk…

Ou dos expositores de difusão activa da Biblioteca Municipal de Szohodskaya.

Por último, em todas estas bibliotecas a percentagem da população inscrita ultrapassava os 40% ao contrário de Klow, a capital, que dos seus 122.000 habitantes, apenas de 2400 estavam inscritos na Rede Municipal de Bibliotecas… Para infinito desespero do Barão Almazout (o bibliotecário de Klow) as “suas” bibliotecas produziam menos cartões de sócio que o mal afamado clube de vídeo do infernal Januch.