Está a chegar a
XIX Semana Negra de Gijón de 7 a 16 de Julho.
O que é a Semana Negra? A Semana Negra é uma festa anual que decorre na capital das Astúrias, produzida pelo escritor mexicano
Paco Ignacio Taibo II – autor, entre outras coisas, de «O ano em que estivemos em parte nenhuma: a guerrilha africana de Ernesto Che Gueva», Campo de Letras, 1996 e «A quatro mãos», Difel, 1994.
O que se festeja? O pretexto mais remoto será o de celebrar durante uma semana a literatura policial ou a narrativa ao estilo noir, que os espanhóis traduzem descomplexadamente por «narrativa negra». Daí Semana NEGRA! Hoje em dia já engloba outros temas como a ficção científica e estendeu-se também a outros media como o cinema, a banda desenhada e a música.
Qual é a média de assistência? Anualmente a média de visitantes é superior a um milhão de pessoas. É por conseguinte um dos eventos culturais mais importantes de Espanha. A única festa em Portugal onde posso encontrar alguma semelhança será a Festa do Avante por durar vários dias e ter uma oferta cultural eclética. Contudo a Semana Negra não é organizada por nenhum partido político e gira sobretudo à volta da literatura
noir.
Quando começou? As hostilidades destes asturianos irredutíveis começaram no verão de 1988 com a primeira edição da Semana Negra e com um enorme esforço, muita dedicação e sorte eleitoral da equipa organizadora não teve até hoje qualquer interrupção.
Outras características? É conhecido por ser um festival «
adoravelmente absurdo», que já obteve dois recordes registados no livro Guiness nomeadamente em 1994 com a maior fila de livros (1650 metros) doados pelo público aos leitores cubanos. Para além deste recorde foi também responsável pelo improvável e
feroz encontro de ping-pong que opôs a dupla campeã das Astúrias à temível dupla francesa Georges Moustaki (músico) / Jerôme Charyn (argumentista e escritor). E também por uma inaudita cerimónia de
entrega de prémios que decorreu no interior duma jaula de tigres de um pequeno circo assistente.
Produção literária? Para além dos diversos encontros, mesas redondas, debates entre autores, editores, realizadores, músicos etc. o festival produz ainda o seu próprio jornal diário «
À queima-roupa» durante o festival
Quem por lá passou? Gente de todos os géneros, tamanhos e feitios desde Manu Chao, Célia Cruz ou Los Lobos até Jacques Tardi passando por quase todos os grandes nomes da literatura policial, até ao pequeno atelier da banda desenhada de Beja “A toupeira”. É uma festa igualitária!
Qual o tema deste ano? Sem haver apenas um único tema, este ano assunto principal será a guerra civil espanhola (que começou há 70 anos) abordada através da ficção científica. Convidam-se, assim, os autores e participantes para trabalharem a guerra civil e as suas consequências partindo do pressuposto que os republicanos a venceram. Uma ideia fascinante!
Como ir? Se forem convidados terão o privilégio único de viajar no «
Trem Negro» que transporta sobretudo escritores e jornalistas de Madrid para Gijón no primeiro dia da Semana. Caso contrário, podem seguir de carro. Se saírem de Lisboa em direcção a Vilar Formoso seguem a direcção de Salamanca, León e Oviedo. Têm 800 kilometros pela frente (cerca de 8/9 horas de viagem), 15 € de portagem e 75€ de gasolina (mais igual montante para o regresso). De comboio segundo o
site da Renfe a viagem dura 9h e podemos sair de Santa Apolónia às 16h01 ou às 01h10 e chegar a Gijón às 00h54 ou 07h35 (com transbordo em Medina del Campo). O preço da viagem fica em cerca de 33€. O regresso estranhamente não se faz pelo mesmo percurso. É via Madrid ou Miranda del Ebro, o preço e duração da viagem ficam um pouco maiores. De autocarro não há directos de Portugal (Lisboa ou Porto) para Gijón, há no entanto a possibilidade de ir via A Corunha (Galiza) ou via Madrid. Nesta modalidade ainda não me confirmaram os preços e duração das viagens. Por último, apesar de Lisboa e Gijón serem cidades portuárias não encontrei ligação via marítima, o que é pena.
Onde ficar: têm aqui um link para os
alojamentos mais económicos da Cidade de Gijón. Marquem depressa porque um milhão de pessoas é muita gente.
O que comer? De tudo (excepto se forem vegetarianos). Segundo fontes muito credíveis Gijón é uma cidade com grande tradição gastronómica. Atenção aos preços, pois os restaurantes em Espanha são geralmente demasiado caros para os bolsos lusitanos.
Em breve sairá mais informação sobre o evento, designadamente sobre o programa deste ano.